quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CINCO MINUTOS APENAS


Tenho pouco mais de 5 minutos para escrever aqui e até que considero um tempo razoável para quem tem muito pouco a dizer. Aproveito esse momento, enquanto ouço uma música do Roberto para desaguar algumas das minhas angústias íntimas. Ando bastante estressado por esses dias. Percebo isso na falta de paciência comigo e com os outros. Tanto que num sábado desses tive uma crise emocional e surtei no meio da rua. Tive vontade de gritar,esbravejar, praguejar e até morrer (esta alternativa estava bem fácil). Quando voltei, tive vergonha e chorei. Me acalmei e caminhei por cerca de duas horas por uma avenida em linha reta. Processo terapêutico para mim. Parei numa padaria e enquanto degustava uma cerveja tive a revelação do que me fizera lobo por um dia, era o estresse e a vontade de ser entendido. Mas para quê as pessoas me entenderiam se não eram interessante para elas? Então pensei:"Como sou idiota!" e voltei para casa. Sem resposta, sem solução, mas um pouco mais aliviado.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O RIO E A CIDADE


São Paulo é uma cidade excepcional por causa do contraste que ela oferece na sua paisagem urbana. E dias desses eu estava parado no congestionamento habitual da Marginal Pinheiros, bem próximo ao seu novo cartão postal que é a Ponte Estaiada quando observei com maior atenção os monumentais arranha-céus que ocupam o lado direito de quem vem da zona sul para a zona norte. É uma coisa linda de se observar aquele mosaico de vidros espelhados em meio a formas arquitetônicas modernas. A avenida Luiz Carlos Berrini roubou da Avenida Paulista a referência de centro financeiro e de grandes negócios. É muito mais viva e pulgente certamente.
A Ponte Estaiada que foi construída naquelas imediações como parte do Complexo Viário Real Parque, cruzando o Rio Pinheiros e batizada com o nome do jornalista Octávio Frias de Oliveira custou cerca de R$ 220 milhões e serve de cenário para telejornais e telenovelas com o único propósito de potencializar o mercado imobiliário que se amplia na região é de encher os nossos olhos de beleza.
Mas algo além de toda aquela maravilha me causou um grande desconforto. Um cheiro insuportável de merda e podridão tomou minhas narinas e então me virei para o lado esquerdo e ví um rio triste e agonizado, lutando para se fazer presente mas praticamente morto, com sua mórbida correnteza amarronzada, cheia de efluentes e dejetos, pedindo socorro para viver.
E foi este cenário que me tocou com grande profundidade. Um rio que já se chamou Jurubatuba por causa das palmeiras que lhe cercavam e das belíssimas Araucárias que deram origem ao nome de Pinheiros, totalmente deslocado daquela paísagem e aí até mesmo a Ponte Estaiada perdeu a beleza. Tive um pensamento que logo se tornou nas seguintes dúvidas:”Por que estão deixando o Rio Pinheiros morrer?”,” será que existe algum projeto obscuro de canalização desse que acabou se tornando num estorvo arquitetônico na cidade?”.
E então passei a divagar o quanto bem mais agradável seria se pudéssemos desfrutar da beleza pura da natureza que o Rio Pinheiros poderia nos proporcionar caso estivesse ele limpo e saudável, talvez as pessoas nem se estressariam com o trânsito ao sentir doce e o ar refrescante.
Para o Governo de São Paulo a recuperação do Rio Pinheiros e a volta de alguns peixes e plantas depende de U$$ 100 milhões. Mas para a população em geral esse valor acaba sendo pouco diante da qualidade de vida que se ganha e mais ainda isso não deve representar quase nada diante do dinheiro que circula nos prédios espelhados da Berrini e região.