segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fazendo um rápido balanço do Virada Cultural, onde eu pude acompanhar alguns dos eventos, digo que será simplesmente inesquecível para mim a alegria contagiante com que o povo da minha querida São Paulo saiu para as ruas do velho centro da cidade para se divertir.
Eu fiquei encantado com as ruas tomadas de gente de todos os tipos ou tribos. Eu me programei para assistir o show da Gal Costa no palco da avenida São João no sábado e do Jorge Ben Jor no domingo. Mas, diante da diversidade de atividades, estava quase impossível ficar só nesses dois. Então resolvi caminhar pelo centro para sentir como estava a animação das pessoas e para minha surpresa, o palco que mais gostei foi o do Baile do Arouche que trouxe alguns artistas que estão fora da mídia como Nelson Ned, Miele, alguns desconhecidos e o simpatissimo Roberto Duna. Era sem dúvida nenhuma, o que me causou mais emoção.

Volto logo pra terminar o texto.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

NESTE FINAL DE SEMANA TEM VIRADA CULTURAL EM SÃO PAULO

Este final de semana promete em São Paulo por conta do Virada Cultural promovido pela prefeitura e que chega na sua quarta edição ampliada e bem mais variada. O centro velho da cidade será tomada por shows, apresentações teatrais, exposições, entre outras atividades culturais.
O Virada Cultura foi inspirado nas noites brancas européias, principalmente as francesas em que o povo passa a madrugada na rua se divertindo.
Aqui, apesar do incidente causado no ano passado, durante o show dos Racionais MC´s na praça da Sé onde houve tumulto e vandalismo, as Viradas têm sido um sucesso e seu público aumenta a cada ano. Nesse ano a prefeitura estima um público de 3 milhões de pessoas. Para a realização do evento, gastou 7 milhões de reais vindo da Secretaria Municipal de Cultura.
O Metrô de São Paulo funcionará a noite toda de sábado para domingo e algumas linhas de ônibus terão seu horário de funcionamento estendido pela madrugada, a segurança está garantida pela PM e a CET estará orientando o trânsito. Segundo os organizadores, a infra-estrutura também foi reforçada esse ano.
Então é só pegar o bilhete único e se mandar! Segue abaixo anexo do site Folhaonline com a programação completa:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u387997.shtml

quinta-feira, 24 de abril de 2008

POESIA CONCRETA - O PROJETO VERBIVOCOVISUAL

Acabo de receber um livro lindíssimo da minha amiga Lenora de Barros que trata sobre a poesia concreta, chama-se justamente "Poesia Concreta - o projeto verbivocovisual".
A poesia concreta se propõe a novos modos de fazer poesia, visando a uma arte geral da palavra.
Para quem quiser saber mais sobre o projeto, ele também está disponível na internet pelo endereço:
www.poesiaconcreta.com.br,
o link está no lado direito da tela.
Começarei a lê-lo!

A VIDA DOS OUTROS - UM BELO FILME

Finalmente consegui assistir o filme A Vida dos Outros antes que ele saisse de cartaz. Até agora estou meio perturbado com a idéia principal deste que considero um dos melhores filmes do ano, a questão da confiança nas pessoas que conhecemos e de outras que por simples admiração nos ajudam sem que possamos saber quem são. E me fez refletir também sobre a necessidade de nós fazermos aquilo que temos vontade, mesmo que isso nos tire algum status.
Para quem ainda não viu, o filme está em cartaz no Germini, mas é bom correr!

terça-feira, 22 de abril de 2008

O TEMPO PASSOU NA JANELA E LUIZINHO NÃO VIU

Nossa gente, nem percebi que este blog tem mais de um ano de existência. Na realidade, nem percebi o passar do tempo, pois eu deduzia que neste mês faria um ano e queria preparar algo, mas vendo as postagens mais antigas, desde os tempos em que eu gostava de escrever sobre política nele, vi que já passou faz tempo. Veja só que coisa!
Agora estou sem graça pra comemorar. Mas pensarei em algo bem legal pra postar, não só pra comemorar a o tempo em que o blog está no ar como também para comemorar os dez anos de existência dos blogs.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Para recordar, mais uma das antigas e das minhas preferidas.



CORRIDA


Corri pelas ruas, na velocidade do pensamento
Indagações, soluções e duvidas
A resposta não aceita
Não desisti

Continuei a correr
Em meus olhos o tempo e o espaço
A tristeza de Heráclito na minha realidade
Transformadas em vultos
Mas ainda assim, corri

Corri pra te perder de vez
E ganhar as estrelas do céu, todas elas
Tão desorientadas como o caminho.
Sinto a perseguição na alma
Sua perseguição em sombras!

Na velocidade do pensamento
Vejo que há caminhos, fujo deles
Me esbarro e o ar me falta
De nada me valem eles
Corri pra me perder
No achado do incerto

Um corpo molhado
Encharcado pelas lágrimas do suor
Um tropeço e ainda corri
Pra fugir de tudo, encontrar um novo tudo
Mesmo que fosse tudo de novo.

Cansado parei
E tudo também parou
Vi que nada mudou no tudo
Mas em mim tudo havia mudado.


LUIZINHO BRITO

terça-feira, 15 de abril de 2008

ESCRITOS

Não são dos melhores dias os tempos atuais, mas como deixamos de lado os entendimentos do mundo para nos entendermos, tentamos pelo menos ser melhores a cada minuto ou a cada segundo e assim avançarmos nos nossos projetos de vida.
É matar um leão por dia e mesmo assim sempre aparece uma coisa ou outra que fica no final. As insatisfações são constantes e que bom que é assim. Não há momento de felicidade que não seja precedido de alguma tristeza. Faltam vinte minutos, mas ainda há tempo para que eu diga o que penso, mesmo que sem nexo, sem concordância. Díspare!
São coisas que me vêem e que tenho vontade de escrever. Sem me importar muito se agrado aos que me lêem. Mas me leiam e compartilhem comigo dessas divagações, por favor!
Já falta pouco pra eu terminar e mesmo que seja torturoso passar os olhos e buscar entendimento nesses escritos, se permita a me ver e eu assim me sentirei melhor...Bem melhor.
Obrigado e fé!

terça-feira, 8 de abril de 2008

A PAIXÃO DA LOUCA E A FADA ALZIRA

Houve um tempo em que eu estava apaixonada. Não sabia o que isso queria dizer, mas as coisas se retraiam a uma dimensão tão pequena que aumentava exacerbadamente um único nome, um único rosto, um único corpo. A mente e os gestos que se subtraiam numa cegueira efervescente.

Os ouvidos preparados a uma só ordem, a uma beleza que hoje confesso, não era tanta como imaginava. Mas dizem que a paixão é cega. E eu pude comprovar isso. Pena que hoje tenho de reconhecer que essa cegueira me deixava em lugares de louco. Mas não sou louca!..Quando louca, estava com aquele calor e angustia que não se correspondiam.

Ah, se eu pudesse voltar atrás, me apaixonaria de novo, com a mesma ênfase, senão maior, mas seria diferente. Eu gritaria, correria, dançaria, pediria aos outros que me esquecessem. Seria tão bom!..Teria o bom humor de sempre, só que em doses exageradas de risos descontrolados. Assim seria minha paixão. Eu não seria louca!

Aquele jovem, magro e alto, de pele moreno jambo e rosto ossudo, mas bem definido. Foi ele a causa da minha paixão. Dizia acreditar em Deus, mas era o diabo em tentação. Os lábios carnudos sussurravam palavras como doces perfumes e a voz era de uma musicalidade inocente e ao mesmo tempo libidinosa. Os olhos negros e grandes eram atentos e dificultava a fuga.

Tem muita gente aqui nesse lugar. As paredes cheias de lodo, o mal cheiro de urina que exala do banheiro sujo. Alguém passa por mim e sorri. Um sorriso simpático, mas triste e confuso. Correspondo. Abaixo a cabeça e olho para o chão. Lembro da paixão!

Sabe o que eu queria mesmo? Era ter amado! Ah Deus, se eu pudesse transformar a paixão em amor!..Mas não existem fórmulas.

As fadas são quem vivem tentando achá-las. Até a incompetente Alzira, anda mais pra lá do que pra cá, depois que não conseguiu me convencer de que é possível transformar a febre da paixão em calmo amor. Vêm sempre com suas teorias mal elaboradas, dizendo ser entendida das coisas do coração. Triste Alzira. Tão entendedora e vive sozinha por ai, aconselhando quem viveu na prática o que fadas só conhecem na teoria. Ela ainda aparece de vez em quando. Já apareceu bem mais vezes.

Mas nos últimos dias, vi Alzira somente na noite da grande chuva. Bem que eu percebi que sua fisionomia não estava para fada, mas sim para humana desiludida!

Será que Alzira se apaixonou por algum duende de sua terra? Bem feito, se isso aconteceu de verdade!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

VALE A PENA LER DE NOVO!

Como faz um tempo que não coloco nenhum poema de minha autoria no blog, até porque estou preparando os novos para reuní-los em um livro onde pretendo tratar de uma nova estética de linguagem poética - oxalá que eu consiga! - resolvi colocar este que é um dos meus preferidos para que as pessoas que ainda não conheciam, tenham oportunidade de conhecê-lo:

Preso

Me prendi,
Na liberdade que me acompanha
E na escuridão da madrugada
Te vejo por ai, solta na vida.

Vagando pelas ruas,
Tão menina, tão doce
Severa e triste
Desce a ladeira, corre as esquinas
Alguém te olha, além de mim
Olhos nos olhos
Sinto um coração que já não é meu
Foge do ritmo, se descontrola
Deus fizera os idiotas
E nada mais do que sou agora

Com penar, alguém te seduz
E procura-te nos lobos noturnos
Me prendi na solidão da liberdade
Sorrateira, tão menina, tão doce
Um sorriso comprado por um choro vendido
Descompassado está o que antes me pertencera
Agora só a ladeira e as esquinas me pertence.

Luizinho Brito

sexta-feira, 4 de abril de 2008

UMA HOMENAGEM A CAZUZA

Se Cazuza estivesse vivo hoje, completaria 50 anos de idade. E o post de hoje é em sua homenagem. Não vou ficar escrevendo sobre sua vida e seu trabalho porque vários sites de notícias já se dedicaram a fazer isso, e depois, se tem alguém que por conta da polêmica da sua homossexualidade e da sua doença tem uma das histórias mais conhecidas no mundo da música ele se chama CAZUZA! "O POETA ESTÁ VIVO".
A melhor maneira de falar de Cazuza é ouvir suas músicas, em especial "O Tempo não Para", que é uma das minhas favoritas.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Ventania

Pedro Nava
Pro Mário


O vento veio maluco lá do alto do Bonfim
e veio chorando da tristura do cemitério.

Zuniu na praça do mercado
assuviou as mulatas avenida do comércio
e mexeu na saia delas.
Arrancou folha das árvores
poeira sungou do chão
depois virou
Soprou
correu
danou
e entrou feito uma carga na avenida Afonso Pena,

O obelisco cortou ele pelo meio
mas ele foi avuando
e os fios da C.E.V.U. como cordas de viola
vibraram dum som longo
que cobriu Belo Horizonte feito um lamento.

O vento passou desmandado no Cruzeiro
saiu pro campo dobrou a mata
mas de repente
sua disparada pára na parede Serra do Curral
e o bicho stopa mas sapeca no morro um sopapo
que estrala que nem ginipapo
que mão raivosa
chispasse num muro curo..

Co-nhe-ceu papudo?

(1926)


Pedro da Silva Nava nasceu em Juiz de Fora (MG) no dia 05 de junho de 1903. Antes de formar-se em medicina pela Universidade de Minas Gerais, em 1927, já fazia parte de grupos interessados pela literatura, como o “Estrela” e “A Revista” (1923), publicação modernista que contava com Carlos Drummond de Andrade, Martins de Almeida, João Alphonsus e Gregoriano Canedo. Em 1924, encontrou-se com a caravana modernista, que mostrava o Brasil ao poeta francês Blaise Cendrars, da qual participavam Mário e Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Trocou, durante muito tempo, correspondências com o poeta Manuel Bandeira. Seu poema, “O Defunto”, foi publicado, em 1946, na “Antologia dos Poetas Bissextos”, organizada por Bandeira. Reconhecido como um dos melhores memorialistas do Brasil, sua obra mais conhecida, “Baú de Ossos”, foi publicada em 1972, seguindo-se “Balão cativo”, “Chão de ferro”, “Beira-Mar”, “Galo-das-Trevas” e “O Círio Perfeito”. Este último foi agraciado, em 1984, com o prêmio “Livro do Ano”, concedido pelo Museu de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Em 1973, recebeu, no Rio de Janeiro (RJ), o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, concedido pelo Pen Club, e o Prêmio Personalidade Global - Setor Literatura, concedido pela Rede Globo de Televisão e pelo jornal O Globo. No ano de 1974 recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – São Paulo (SP).

O autor suicidou-se na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no dia 13 de maio de 1984.


Extraído da “Revista Verde”, Cataguases (MG), ano 1, nº 3, novembro 1927, pág. 23.