sexta-feira, 28 de março de 2008

DICA DE LEITURA: RATO - LUIS CAPUCHO

Acabei de ler RATO de Luis Capucho. Um livro muito interessante que retrata a interioridade humana, com suas fantasias, desejos e mistérios. Numa narrativa gostosa e empolgante, Luis Capucho nos envolve numa história que ao mesmo tempo é sensivel, violento, áspero e doce. Vale a pena ler, este livro está na Copa de Literatura, cujo link está no lado direito do blog. Abaixo, a descrição de RATO:

"Numa casa de cômodos caindo aos pedaços, moram Dona Creuza e seu filho, um rapaz calado, seduzido pelos corpos masculinos que circulam pela pensão. Entre seus habitantes, justamente o mais contido é o que se mostra mais intenso, ao assumir uma paixão tão devastadora quanto efêmera com um novo morador.
Rato é o pseudônimo do protagonista e narrador do romance de Luiz Capucho. Dele, o leitor conhece os sonhos e desejos, mas jamais o nome. O jovem ?declaradamente enrustido? é sustentado pela mãe, lavadeira e passadeira, e coabita com tipos bizarros, como bêbados, drogados, lunáticos, marinheiros e aposentados, entre outros moradores. Ele passa os dias nesta atmosfera embriagante, desejando os hóspedes mais jovens, deitado em seu beliche ou escrevendo na cozinha tendo uma garrafa térmica por companhia. Rato não trabalha, mas acredita que a literatura ainda vai salvá-lo e tirá-lo dessa realidade inebriante.
Com extrema habilidade, Capucho descreve o ambiente, os personagens exóticos e a singeleza da mãe de Rato, que o sustenta e acho isso normal, a rotina de tédio e tesão do rapaz. Enquanto envolve o leitor, Capucho o conduz ao centro da teia, de onde se tem a impressão que Rato nunca vai conseguir escapar: o mundo quase irreal, de tão realista, da cabeça-de-porco. Conquistado pela narrativa, o leitor se surpreende pela agudeza da percepção, da visão de mundo de Rato, que mesmo em seu restrito universo vivido, percebe seu tempo com uma sensibilidade profunda e cortante."

Editora:
Rocco
ISBN: 9788532521514
Ano: 2007
Edição: 1
Número de páginas: 127
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

terça-feira, 25 de março de 2008

O QUE TEM PRA HOJE

Tem dias em que eu procuro algum acontecimento importante, mesmo que seja algo bem pequeno e quase imperceptivel. A importância dos acontecimentos está no valor que damos a determinados objetos ou fatos. Nesse instante me falta algo que seja de fato valoroso a ponto de merecer destaque aqui no blog.
Hoje quase sofro um acidente de carro no meio desse trânsito maluco de São Paulo e que nem as autoridades conseguem dar uma resposta a altura. Pior do que o susto de ver o caminhão entrando na lateral do automóvel, foi ter que sair do carro para discutir, xingar, diante da ironia do caminhoneiro que parecia estar acostumado com esse tipo de acontecimento.
Na realidade, eu estava apenas como passageiro e o motorista do carro era o meu amigo de trabalho e foi ele, com toda a razão, que fez o escandalo com o caminhoneiro. Num determinado momento achei que haveria agressão física, fiquei sem saber o que fazer, pois o que menos sei é brigar.
O bom é que eu sou um cara muito espiritualizado e tenho por hábito ler três vezes seguidas o salmo 91, depois rezo um pai nosso e acho que isso me ajudou muito.
Não levava muita fé nesses rituais de ler salmos, mas confesso que depois que comecei a fazê-lo senti que as coisas facilitaram para mim. Pode até ser coisas da minha cabeça, talvez até da minha fé, mas o mais importante é que sinto a presença da proteção divina cada vez mais forte em mim.
Num outro momento, me dedicarei a falar sobre as minhas experiências com salmos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Convite

Lya Luft


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério


A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.


Extraído do livro "Perdas & Ganhos", Editora Record - Rio de Janeiro, 2003, pág. 12.







DA ESQUINA DA AVENIDA IPIRANGA COM A SÃO JOÃO, UMA COLHER DE PAU É TEMA.

Era por volta das sete da manhã desta sexta feira santa quando eu e meu amigo procuramos uma lanchonete no centro de São Paulo para tomarmos um café, depois de uma longa noite dançando ao som das músicas eletrônicas de uma boate famosa.
Encontramos uma lanchonete na também famosa esquina da avenida Ipiranga com a São João. Não era aquele bar frequentado por bacanas e que tem nome de cerveja, mas a única lanchonete aberta que encontramos fica de frente a ele - são daquele tipo quebra galhos.
Eu pedi um café com leite e um salgado. Meu amigo uma coca-cola. Ele foi muito mais feliz no seu pedido.
Comiamos em silêncio, quando fomos surpreendidos por uma senhora que carregava uma sacola feita de estopas na mão, usava um saião cujo cumprimento ultrapassava os joelhos e um semblante muito característico das evangélicas pentecostais que eu costumo chamar de radicais, usando um certo eufemismo.
Ela parou ao nosso lado, apontou para um dos funcionários da lanchonete e esbravejo: "Foi vocês que mandou aquele menino de rua roubar minha colher de pau", um clima de constrangimento e susto tomou o lugar. Eu e meu amigo nos entreolhamos e continuamos a comer, querendo ignorar a cena.
Um homem que se portava como se fosse o segurança do local, pegou abruptamente no braço da mulher na tentativa de expulsá-la do local; "Me large seu preto feio". " Eu sei que foi o dono dessa lanchonete que mandou o menino de rua roubar minha colher de pau que eu paguei cinco real", "Foi cinco real a colher de pau, seus protetores de bandidos". A gritaria da mulher gerou ataques de riso na maioria dos que ali consumiam e também funcionários. Se divertiam e eu que de certa forma estava envolvido naquilo, não pude deixar de achar graça naquela cena inusitada. Mas para não me tornar tão igual aquelas pessoas que ironizavam a insanidade ou a normalidade da mulher, eu rapidamente falei para meu amigo pedir a conta. Pagamos e saimos. E mesmo assim, depois de nos distanciarmos, a alguns metros de distância, ainda era possível ouvir a revolta da mulher "Eu paguei cinco real pela colher de pau".

quinta-feira, 20 de março de 2008

PÁSCOA: A ALEGRIA DO MENINO E A MINHA VERGONHA

É época de páscoa e eu nem tinha me dado conta disso se não fosse a sensibilidade infantil de uma criança que ao entrar na padaria onde habitualmente tomo café, se deparou com surpresa e felicidade com uma réplica de coelho que tem logo na entrada e que eu, na minha falta de sensibilidade para essas coisas nunca tinha percebido.
A alegria daquele menino diante do coelho branco de pelúcia, me surpreendeu de forma que passei a observá-lo nos seus pulos, gritos e cumprimentos. "Oi coelhinho". Ele devia ter uns quatro anos de idade e sua empolgação me contagiou de forma que passei a apreciá-lo em estado de graça. Ele deu vida ao tal coelho e de certa maneira a mim também.
Eu passo quase diariamente pelo boneco e nunca sequer lhe dei atenção, muito pelo contrário, faço como os demais adultos que já se libertaram dessas fantasias infantis de coelhinhos da páscoa e assim o ignoro.
O mundo dos adultos é severo com os coelhinhos da Páscoa, com os Papai Noeis. Por que será que nós achamos que esses seres maravilhados e encantados não existem e nos prendemos a uma realidade tão concreta? Disso não tenho a resposta ainda, mas fiquei feliz de ver o garoto naquela felicidade. Tanto que ao passar novamente pelo coelho que tem quase a minha altura, não pude ignorá-lo e antes de passar pelo caixa para pagar o café, não me contive e cumprimentei-o meio envergonhado: "Oi coelho, uma feliz páscoa".

segunda-feira, 17 de março de 2008

EU E OS CLÁSSICOS

Ultimamente me reservo a ouvir os clássicos eruditos e a analisar todos os seus movimentos. Sou fã de Tchaikovsky. Neste sábado passei quase todo o dia dentro desta energia dos mestres.
Uma dedicação especial a Chopin: Este pianista e compositor que segundo a sua história tinha temperamento melancólico e sonhador, tem me trazido bons momentos audíveis através das suas peças. Principalmente a criticadíssima "Concerto para piano n°2", que tem fama de ser imperfeita. Mas é quase unânime o reconhecimento de que há passagens nele que são primorosos. E eu particularmente, não vejo nessa obra os signos melancólicos que muitos críticos lhe atribuem. Muito pelo contrário, percebo uma vivacidade nesse concerto que me faz refletir sobre o outro lado de Chopin. O sonhador.
E sonhar para mim é fundamental. Vejo no sonho a raiz de uma concretização.

sábado, 15 de março de 2008

VONTADE DE CRIAÇÃO

Estou com a imaginação burbulhando e uma vontade enorme de criar algo que seja diferente. Mas parando para pensar melhor, me pergunto: O que seria diferente num mundo tão igual do ponto de vista da criação, onde as novidades já nascem com cara de velhas como bem disse Cazuza.
Quero criar algo novo, mas novo mesmo. Que seja totalmente inédito e que fuja das comparações do tipo:
- Bem, isso me lembra tal artista!
Não. Chega de sermos comparados, de termos influências e de bebermos em fontes. Eu quero minha fonte pura. Pura de mim, pura de tudo, pura de todos, para que ela seja a essência da criação. Da criatividade sem limites, sem estéticas, valores ou coisa e tal. A pureza da criação, é isso que quero e busco na minha vontade.

OS MAIS BELOS POEMAS QUE O AMOR INSPIROU

SOLITÁRIO

J. G. ARAUJO JORGE


Longe de ti, do mundo, - solitário,
sem o riso das falsas alegrias
vou desfiando, um a um, todos os dias,
como contas da dor, no meu rosário...

E assim, - sem ter ninguém, - oh! quantas vêzes!
- no amor que já deixei fico a pensar...
E as semanas se escoam sem parar:
a primeira...outra mais...mais outra...e os meses...

O outono já chegou, e as fôlhas solta...
E eu sem querer, nostálgico, me ponho
a pensar que êsse amor aos poucos volta...

Mentira!...Vâ mentira que me ilude!...
Como é triste a ilusão mesmo num sonho,
eu que na vida me iludir não pude!...




Extrai este lindo poema do livro " Os Mais Belos Poemas que o Amor Inspirou", do grande poeta J. G. de Araujo Jorge.
Livro este que descobri a pouquíssimo tempo e que tem me feito deleitar sobre a beleza poética da poesia simples, elegante e bem elaborada.

terça-feira, 4 de março de 2008

É TEMPO DE SER FELIZ

Vim aqui dizer que a vida está ótima, numa adrenalina danada por conta do trabalho; mas devo admitir que as poucas horas livres tenho aproveitado fora da vida virtual. Tenho feito grandes amigos, os quais deram uma oxigenada no meu ritmo de vida no sentido de conhecer coisas novas, viver novas emoções e aventuras.
Os anos passam e nós temos o costume de dizer que vivemos intensamente cada minuto, mesmo quando estamos diante da tv ou do computador. Imagina!
Se eu contar todos os minutos, horas, dias, meses e anos em que me dediquei a ficar na solidão do meu quarto vivendo virtualmente, eles se resumem em quase nada considerando a intensidade com que tenho saído nos últimos dias.
Dá pra notar que estou feliz né? Eu já disse que é muito difícil escrever quando estamos num estado emocional de extrema alegria. A tristeza nos ajuda muito a desenvolver bons textos, enquanto que a felicidade nos tira o tempo de pensar na vida e apenas seguir vivendo.
Quero extravasar essa felicidade de forma que ela atinja o coração de todos vocês e que possamos numa voz unissono dizer " É TEMPO DE SER FELIZ"