quinta-feira, 29 de outubro de 2009

FUGA


Tem horas em que eu gostaria de viver no meio do mato. Bem longe das pessoas. Podia ser num casebre a alguns quilômetros da BR-319, entre o Acre e o Amazonas. E não me importaria muito se não tivesse as facilidades da vida urbana, desde que eu ficasse cercado dos meus livros, das minhas ideias e da minha solidão.
As pessoas são muito difíceis de serem compreendidas, inclusive eu que vivo cheio de crises existênciais e emocionais e as vezes tenho a estranha sensação de que ultrapasso os limites da minha pessoalidade e começo a infrigir na vida dos outros com minhas encanações.
Não gosto quando isso acontece, como agora. Para esses momentos tenho a solidão como amiga e companheira e ela sim é fiel, esteja eu bem ou mal sempre conto com a sua presença. Muito embora nos últimos dias tive a péssima ideia de querer dividir meus anseios com outra pessoa, que tanto quanto eu, não se define a que veio e também pouco se importa com as crises alheias, a não ser quando elas lhe convém.
Estou perdido e sem rumo, vejo caminhos opostos e uma impotência para uma decisão bem tomada. Daqui a pouco amanhece e minha fuga será o sono matutino ou então na falta desse, uma padaria, um jornal de consolo ou um simples caminhar.
Sinto uma dor forte no abdômen, que vem se intensificando ao longo dos dias e que me obrigará a procurar um médico, coisas que faço em momentos extremos. Por conta dela é que esse texto se faz ao amanhecer de um domingo perdido, aliás, mas um dia perdido nas divagações e ondulações do pensamento entre o real e o imaginário.
Me faria bem viver no meio do mato, mesmo que fosse por horas. Saber que não preciso entender ninguém e muito menos cobrar entendimento de alguém.

sábado, 17 de outubro de 2009

RETROSPECTIVA 2007.


Eu gosto muito de reler os textos antigos deste blog, porque eu procuro me lembrar porque escrevi determinada coisa e rememorar algumas situações que me trazem saudades ou divertimento. E para não deixá-los mortos na memória, resolvi postá-los novamente na íntegra com a data de postagem. Mas não se assustem porque não será diariamente, apenas aos sábados pela manhã.

NA FALTA DO QUE DIZER

Como é difícil manter um blog sempre atualizado com textos interessantes. Nem sempre os blogueiros de plantão estão inspirados a ponto de escreverem o que seus leitores querem ler. É o caso deste pseudo escritor.
Busco com afinco dentro do noticiário que leio diariamente, dos bate papos entre amigos, das cenas que vejo na tv ou na internet ou nas caminhadas pelas ruas da cidade, algo que seja digno de um bom texto opinativo. Nem sempre consigo interligar o que acontece a minha volta ao que penso sobre eles. Pura desatenção ou desinteresse pelo que meus olhos vêem. Paro e penso porque devo ter opinião formada sobre tudo? Porque sou jornalista, logo respondo, e como bom jornalista tenho obrigação de conhecer, analisar, entender, interpretar e consequentemente passá-lo adiante para outras pessoas para que sirva de contribuição á chamada formação de opinião.
Mas sinto que as coisas não estão tão importantes a ponto de merecer uma linha sequer de reflexão. Está tudo muito monótono. Há uma crise de fatos interessantes no mundo. Todos os dias, são as mesmas coisas, as mesmas opiniões e assim por diante.
Por isso não tenho conseguido deixar meu blog atraente e dinâmico. Para não deixá-lo perdido no mundo virtual, virei sempre que possível para dizer o que todos dizem, mesmo que seja para reclamar das faltas de inspirações.
Acabo de criar um poema e em breve publicarei neste querido espaço. Aguardem


texto publicado em 27/11/2007.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

POESIA DAS ANTIGAS


SOLIDÃO ROUBADA

Minha solidão se resume na sua companhia
Mesmo quando você não está aqui
Alias, você nunca esteve aqui
Mas aqui você está, sem sequer ter vindo um dia!

Está nas horas mortas do meu cotidiano vazio
Nos trabalhos desesperançosos da sobrevivência humana
Enfim, na glicose que me mantém a razão
Se é que ainda a tenho!

O ócio da minha solidão está preenchida pelo seu todo!
Até quando você é o nada perdido nas entrelinhas
De um conto mal elaborado, onde te tenho como semântica
E o resto não se explica, já que as explicações são exigências da razão.
E eu nem desconfio por onde ela esteja agora!

Você que nem conheço, me roubou a solidão
Transformou as insignificâncias dos meus objetivos.
Que por ora, se dava nas noticias dos jornais que lia
Num desespero emocional
Como dos loucos que abrem mão de si
Para viver os espíritos alheios
Estou dominado!

O branco das paredes, as madeiras dos móveis, os espelhos...
A chuva que agora cai, eram minha solidão
Até você aparecer não sei de onde
Talvez da minha falta de razão
E se apossar dos meus pertences como se a importância do ser
Nada mais seria do que suas vontades ocultas

Estou morto, porque perdi o conforto de uma calmaria solitária
Para viver uma efervescência calorosa dos desejos contrariados
Dos meus, já que os seus eu desconheço!
Você contaminou o oxigênio que me mantinha a razão.

Se restar sanidade em mim ainda,
Quero entrar totalmente em seu âmago.
Porque em algum lugar ai dentro
Deve estar escondida minha solidão.
E eu trarei ela novamente para minha razão
E você, cruel desconhecido
Estará perdido na suas explicações.



LUIZINHO BRITO

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

UM BELO TEXTO


Este texto sem título eu extraí da página de apresentação do meu amigo Ric que está no orkut. Achei bastante propício, simples e sincero. Bom pra refletir.

Nós seres humanos, somos naturalmente afetivos... Queremos amar, queremos ser amados, queremos expressar nosso amor, e termos liberdade para essa expressão... Nossa vida geralmente gira em torno de nossos afetos e a maioria das atitudes que tomamos na vida tem por base uma relação afetiva.
Repara se você não dá uma importância até exagerada a sua vida afetiva. Repara, por exemplo, como você se enche de expectativa com seus relacionamentos... Repara que se esse lado de sua vida não está bem, parece que o resto não tem muita importância. Ou então, se acontece alguma coisa com sua parte afetiva, ela puxa todo o resto, e tudo fica ruim...
Será que você é uma pessoa disposta ao amor, disposta a ter um relacionamento verdadeiro, ou você está disposto a se relacionar com seus sonhos e suas ilusões de viver um grande amor? Temos tantas ilusões dentro de nós que fica difícil nos relacionamentos com os outros...
Como aceitar o outro se, não aceitamos, nem mesmo a nós mesmos? Como permitir que o outro seja ele mesmo, se nós não nos permitimos ser como somos...
Deixamos nossos sonhos tomarem conta de nós, idealizamos um relacionamento e quando entramos em contato com o relacionamento real ficamos decepcionados, magoados... Como ele ou ela não é como eu gostaria? A mágoa vem do orgulho vem das fantasias que temos, essa ilusão de perfeição, de que tudo tinha quer ser como eu imaginei e não como é... Vem de crenças que é o outro que tem de me fazer feliz...
Nos ofendemos, ficamos magoados, generalizamos posturas e experiências... Dizemos que “é sempre assim”... que “a felicidade não existe”, etc. Prometemos a nós mesmos que não vamos entrar em outra... Juramos que nunca mais seremos bobo ou ingênuo e acabamos por fechar nosso coração... Com o tempo, temos vontade de experimentar novamente, mas lá dentro de nós existe uma promessa de não arriscar mais para não sofremos e não magoarmos outra vez. Nós nos vingamos do outro nos machucamos mais.
Nos impedimos de ir, continuamos feríveis, cheio de defesas, cheios de medo, receosos... Com medo de sofrer, sofremos... Acabamos reclamando de carência afetiva, de solidão, sem atentar ao fato de que carente não é quem não tem amor... é aquele que tem, mas não dá com medo de ser machucado, que a solidão é a distância que sinto de mim mesmo, pois deixei que as ilusões e os sonhos me colocassem para longe de minha verdade... Não é o mundo que está seco e distante.
Somos nós que estamos assim no mundo... Não são as pessoas que me magoaram ou me decepcionaram, mas fui eu que me enchi de sonhos e esperei que o outro cumprisse o roteiro que eu fiz para ele... Será que você é capaz de perceber e aceitar que fez isso com você? Será que você é capaz de aceitar o que passou em sua vida? Será que você fez um pacto com o seu infeliz e que tudo tem que ser difícil para você se castigar por seus enganos?
O medo de amar está aí porque não deixamos o passado passar. Não aceitamos que fomos incapazes de lidar com a realidade porque estávamos presos em nossos sonhos... Quanto mais sonhamos, mais sofremos. É aquela coisa que dizemos: “Quanto maior a subida, maior o tombo”. Chamamos de desgosto, de trauma, fazemos drama, tudo foi terrível e a culpa é sempre do outro que não soube entender o amor que tínhamos para dar. Mas eu pergunto: será que tínhamos amor para dar para ser real ou alguém que criamos em nossa fantasia? Afetividade é a relação que temos com a realidade, generosidade é aceitar o outro como é, cada um é um, amamos o outro justamente porque ele é diferente de nós... amamos a individualidade do outro, a natureza especial dele. Amar é aceitar o outro incondicionalmente. Mas, como posso dizer o outro se não sei amar a mim mesmo? Como posso dizer que aceito o outro como ele é se eu não me aceito como sou? Trocamos sonhos? Trocamos ilusões de perfeição? Trocamos o que cada um imagina, que o outro deveria ser, para nos fazer felizes?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

DEPOIS DO ACONTECIMENTO


Quando reclamei dos acontecimentos do mundo
Invejava Vinícius e no entanto,
Hoje não quero mais amar a ninguém.
Dizia que sofrer de amor contrariado era bom
Só que errei de novo e doente estou agora.
E então na minha vida o mundo mudou
Errático, desprendido, iludido e tolo.
Agora mudo de opinião
Para reconhecer humilde
O fim da poesia
Começo da vida.
Para ganhar o mundo.
Hoje quero a paz e a calmaria
Da vida onde nada acontece
Mesmo que eu seja um peixe. Velho, cansado e descrente.
Não me importo mais em viver
Somente para testemunhar e declamar
O que acontece na vida de todo mundo.

O QUE ACONTECE?


Acontece coisas na vida de todo mundo,
Mas na minha vida o mundo não acontece.
Eu hei de amar um dia, como amou Vinícius,
Tão forte e intenso, tão ensolarado ou nem tanto.

Vejo o mar, o sol, os amores dos outros.
Ah!.. Se eu fosse ao menos um pescador, pescaria um amor.
Mesmo que contrariado,
Sofrer de amor contrariado é um bom acontecimento.
Dá vida à vida, como doença ou paixão.

A arte de pescar não foi dado-me como dom.
Por isso sou poeta! Como tantos outros por aí...
Desprovidos dessa sorte,
Seguindo na imensidão do seu pequeno mundo
Na condição de um peixe. Velho, cansado e descrente.
Parado no mundo em que nada acontece.
Seu mundo! Meu mundo!

E na minha vida o mundo não acontece.
Vivo somente para testemunhar e declamar,
O que acontece na vida de todo mundo.


Poesia publicada na I Antologia Poética da "Confraria dos Poetas" (2007)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

UMA PENA!


Quando me sento para escrever, fico muito mais tempo navegando por sites do que pensando num tema que possa despertar o interesse dos leitores do blog. As vezes sinto falta de conversas inspiradoras. Algo que oriunde de um comentário interessante ou de um relato insípido mas que prenda a atenção e faça pensar.
Muito admiro Manoel Carlos que consegue buscar no seu cotidiano assuntos que dão novela e que duram oito meses. Se eu parar para buscar inspiração no cotidiano certamente o blog acaba amanhã mesmo, senão hoje.
Admiro também autores como o Ferréz que consegue contar coisas interessantes sobre o Capão Redondo, ou autores mais modernos que falam com facilidade sobre suas vivências em bairros sem grandes acontecimentos. Eu tento mas não consigo, talvez porque exijo demais dos fatos que me chegam ou por não me interessar muito por vidas alheias, o que é uma pena.
As minhas inspirações acabam vindo mesmo das crônicas que leio em revistas e jornais, desses últimos até que nem tanto, e então acabo discernindo sobre assuntos mais eruditos quando muitas vezes quero mesmo é falar dos acontecimentos que cercam o meu dia a dia. De novo uma pena!

domingo, 4 de outubro de 2009

ADEUS MERCEDES SOSA


Mercedes Sosa canta Gracias a la Vida – Letra de Violeta Parra


Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba noche y dia grillos y canarios
martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
asi yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.

Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida


Tradução para Português:

Mercedes Sosa – Obrigado à vida (Violeta Parra)

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me dois olhos que, quando os abro
perfeitamente distingo o preto do branco
e no alto céu, o seu fundo estrelado
e nas multidões, o homem que eu amo.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,
grava, noite e dia, grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuviscos
e a voz tão terna do meu bem amado.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o som e o abecedário
e, com ele, as palavras com que penso e falo
mãe, amigo, irmão e luz iluminando
a rota da alma de quem estou amando.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me a marcha dos meus pés cansados
com eles andei por cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e planícies
pela tua casa, tua rua e teu pátio.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o coração que todo se agita
quando vejo o fruto do cérebro humano,
quando vejo o bem tão longe do mal,
quando vejo no fundo do teus olhos claros.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o riso e deu-me o pranto
assim eu distingo a felicidade da tristeza,
os dois materiais de que é feito o meu canto
e o canto de todos, que é o meu próprio canto

Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida