quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

RETORNO AO BOM DA VIDA


Depois de dois meses sem dar a cara aqui no blog, como um filho ingrato que abandona os pais sem se justificar, retorno bem humilde, de cabeça baixa e um tanto constrangido pela mancada que dei com os meus queridos leitores.
Não vou aborrecê-los contando as histórias que me impediram de vir até o blog mais vezes porque elas são massantes e chatas.
Quero sim compartilhar com vocês o meu retorno que é também um retorno ao que há de melhor da vida, sem trânsito, sem aulas, sem metas, planejamentos e resultados.
As inspirações que me pegam nas horas mais impróprias e descabidas é o meu melhor da vida e confesso que durante um bom tempo não as percebi. E hoje, enquanto eu passeava pelas redes sociais, senti que era hora de voltar, pois o aspirante a escritor, o poeta e a idealista bobo que sou, precisava se jogar novamente ao poço de águas obscuras e buscar algum tipo de transtorno que me fizesse chacoalhar a cabeça para um lado e outro e a partir de então abrir a mente para as coisas mais fétidas e bizarras que estavam aprisionados no meu inconsciente.
Tive medo de não conseguir teclar uma palavra por ora, mesmo assim tomei coragem e já estou no quinto parágrafo a ponto de provocar a sua irritação, meu querido leitor. Mas tenha só mais um pouco de paciência comigo porque esse é o meu retorno e confesso que ainda estou me adaptando já que tudo aqui me parece novo. E a inspiração quando some e depois aparece ela também fica perdida. Quer liberar todas as suas informações ao mesmo tempo, processando um monte de coisas que a razão, lerda que só, demora para captar e transmitir.
O mais importante é que voltei para o bom da vida que é viver na companhia deste amável blog e dos meus grandes leitores e ficarei atento para a inspiração não me abandonar e pelo ano de 2012 inteiro ter muita coisa para papear.
UM FELIZ 2012 PRA TODOS OS LEITORES DO MICROPOESIA HUMANA

sábado, 8 de outubro de 2011

A RELEITURA DE UMA PROFECIA MALUCA



Eu estava relendo alguns posts antigos desse querido blog na curiosidade de saber em que eu pensava alguns anos atrás. E teve um que eu escrevi no dia 31 de Outubro de 2007 e me causou espanto reler este relato. Hoje afirmo que este sonho conturbado foi uma revelação profética, porque na época eu não fazia ideia de quem seria o próximo presidente da República. O Lula ainda estava no meio do seu segundo mandato e as eleições seriam apenas em 2010. Naquele momento eu não imaginava que teriamos uma presidenta e eis que tive uma visão profética que vale a pena ser transcrita hoje e quem acreditar que faça suas apostas ( a primeira publicação está nos post mais antigos de outubro de 2007). Parece mentira, mas não é:

UM SONHO MALUCO 31/10/2007
Para me ater da insônia que me persegue, resolvi assistir um pouco de tv e assisti o programa "Grandes Momentos do Esporte" na tv cultura. Isso já era por volta de duas da manhã, ou uma, não me lembro. Mas o importante é que o programa falava sobre um jogador chamado (?), não me lembro também do nome, só sei que terminava com Pernambucano e era considerado o melhor jogador depois do Pelé, era considerado o Pelé branco. Se fosse mais cedo talvez eu me recordaria do seu nome já que a caminho da faculdade, dentro da lotação, na minha mente passava alguns flash do tal programa. O cara tinha jogado no Vasco, no Corinthians e se tivesse vivo, estaria com oitenta anos de idade.
No começo achei interessante, apesar de não gostar muito de futebol. Talvez seja esse clima de ufanismo e euforia que a mídia está promovendo por conta da Copa de 2014 ser no Brasil.
Num deternado momento eu me enchi daquilo, desliguei a tv e liguei o rádio na rádio eldorado am, pra ouvir o noticiario e ai consegui dormir.
Mas foi aquele sono perturbado, onde as noticias parecem criar imagens e então, me vi dentro do morumbi lotado para assistir o jogo do São Paulo, coisa que seria impossível na realidade já que não é o time pelo qual eu torço, e ao mesmo tempo me aparecia uma mulher com quatro crianças que se jogava pela janela de um prédio de cor areia, acho que do quinto andar. Ela caiu no chão junto com os recém-nascidos, mas ninguém se feria ou morria, para meu alívio. Ao mesmo tempo uma tv que surgiu não sei de onde, mostrava um prédio incendiando, num clima de pânico parecido com aquele do onze de setembro. E pra finalizar, me aparece a Fátima Bernardes, toda eufórica, ostentando uma faixa presidencial, bastante sorridente, falando que o Brasil sediaria a copa de 2014.
Não sei mais o que aconteceu depois disso, só sei que acordei cansado pra começar minha rotina.

sábado, 3 de setembro de 2011

O PREÇO DO AMOR


Chadwick Gray e Laura Spector


Juarez tem um casamento feliz com Gorete. Há pelo menos dois anos que dividem o mesmo teto, a mesma luz, a mesma tv, a mesma cama, a mesma comida, o mesmo chuveiro, a solidão e a companhia, as crises de mal humor e as de risos também. Só não costumam dividir as despesas financeiras, mesmo que esse seja um dos grandes fatores das constantes discussões e brigas. Juarez não percebe muito o quanto gasta enquanto Gorete paga tudo o que vê pela frente, anotando tudo na caderneta. Centavo por centavo.
Muitas vezes ela se acha injustiçada, grita, promete parar de gastar tudo o que ganha com a manutenção da casa e diz que vai largar tudo e também Juarez.
Acontece que Juarez é um grande sedutor, sabe onde acalmar Gorete e como fazer isso sem deixá-la com contra argumentações. Quando ele percebe que ela está dando sinais de irritação, surge o abraço por trás com beijos no pescoço e o membro a tocar-lhe as ancas, desarmando-a totalmente. Afinal o que são os milhões de centavos gastos mensalmente diante de tamanha prova de amor?
Para quê se apegar em valores financeiros quando se tem alguém a quem compartilhar os importantes momentos da vida a dois.
Materialismo besta e medíocre. Essas coisas são assim mesmo, perde aqui, ganha ali e assim se vive. Todo mundo vive assim. Pelo menos todas as amigas de Gorete.
Juarez é do tipo que troca o trabalho por amor e por amor se sujeita a viver somente por Gorete. E Gorete é daquelas que faz do trabalho o alimento do amor e com ele se corresponde ao Juarez.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

TER SEM QUERER E QUERER SEM TER




Cuidado com o amor
E com a sensação terrível de possuir alguém
Aos olhos e corpo, mas sem vida.
Triste daqueles que têm sem saber o quê ou quem.
Um dia quem sabe te terei? acredito!
Pensando melhor, nem sei se te quero mais
De tanto te ter e de pouco te sentir.
Acho que estou aprendendo a ser forte
E mais cuidadoso com as divagações que me tomam.
Amiudamente vou curando as muitas feridas.
Inventando e reinventando as dúvidas e decisões adiadas.
Rechaçadas sempre na mesma vontade e decepção
Te ter para mim é água que entra pela boca e sai pela uretra
Bebida fundamental da qual me sacio e indesejavel expulso num amarelo fétido.
Não te tenho pelo tempo que quero, o qual você determina.
Te tenho ao meu lado físico e longe da alma.
Alma que já tentei penetrar quebrando sua barreira que é de aço.
E o fogo que te queima e me enche de ardor não passa de retalho
Para quem precisa de uma colcha.Por isso me iludo.
Te ter ao meu alcance é minha busca
Em frases,carinhos e delícias,bem poucas.
Tenho a sensação de possuir
O que eu nem sei mais
Se quero de verdade.

LUIZINHO BRITO

quinta-feira, 9 de junho de 2011

REENCONTRO COM O DIÁRIO


"Persistência da Memória" - Salvador Dali



O friozinho, a chuva e a preguiça me convidava para ficar na cama vendo filmes, lendo um livro ou ouvindo algumas músicas, mas corajoso que só, resolvi encarar a arrumação da estante de livros que se encontrava a ponto de cair com a tamanha bagunça em que se encontrava. Os livros estavam todos foram de ordem, alguns por cima dos outros e abandonados em meio a poeira e o desprezo.
Foi muito bom mexer neles, tirar tudo do lugar, limpar e começar a organizar título por título, tema por tema, folheá-los, retomar minha amizade com eles.
Tanto que entre um e outro, tive a grata surpresa de achar escondido um caderno de brochura capa dura que me chamou a atenção. Eu sequer me lembrava da existência dele e ao abrí-lo tive a emoção de me deparar com o meu diário improvisado de 1995, quando eu ainda era apenas um adolescente.
Rememorei coisas que jamais me lembraria hoje que estou acima dos 30 anos. Foi muito legal e divertido. Presentes de aniversário, dias de consultas médicas, tarefas escolares, lembretes de pessoas que não conheço mais, telefones antigos de 7 dígitos, anotações e estudos. Vi que eu gostava de estudar óptica. Coisa que me assusta hoje. Alguns pequenos contos mal escritos, outras histórias que eu escrevia e fazia uma observação "Roteiro do meu próximo romance" e que ao reler, não passam de estórias óbvias e sem graça.
Mas algumas coisas no caderno diário me chamaram a atenção. Uma delas reproduzo abaixo, que é uma espécie de poema juvenil. Bastante pobre de linguagem mas bem bonitinho. Quando eu fechei o caderno e coloquei na estante me perguntei, será que eu me emburreci agora que estou com mais de 30 anos?

GÊMEAS FELIZES

Aninha tem amor à vida
Verinha não tem prazer em viver
Enquanto uma quer ir à Flórida
A outra só pensa em morrer.

Aninha não deixa aparecer a idade
Verinha detesta vaidade,
Uma vai ao baile da saudade
Outra só faz maldade.

João, Verinha amou;
Com João Aninha casou

Enquanto João e Aninha o amor uniu
Verinha Fugiu.

São duas mulheres diferentes,
Gêmeas só na aparência
Verinha diz ser carente
Aninha só usa a inteligência.

Aninha vive e por isso é feliz;
Enquanto Verinha, sem amor
Achou melhor virar meretriz.

Luizinho Brito (24/9/1995)

terça-feira, 3 de maio de 2011

OLHARES PROIBIDOS



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lookfordiagnosis.com


Os olhares são mais sinceros que o coração
Não precisam de pulsar, acelerar, saltar pela boca.
Muito pelo contrário, se fixam firmemente
Como duas pérolas negras decididas
Não falam nada, mas entregam os segredos
Questionam, deduzem, seduzem, encantam
Enganam. São verdadeiras serpentes.
Olhos que brilham nos prazeres e choram nas dores
Entristecem quando não podem ver
Por maldade dos outros cegos
Que não enxergam nada além dos seus preconceitos
Os olhares se quebram e olhos se perdem no horizonte
Na busca de uma compreensão, ou de uma alegria
Divididos por um muro gigante, vigiado pelo olhar da maldade
Daqueles que não aceitam que olhos se unam pelos olhares.
Infantis, travessos, felizes, amigos, olhares proibidos.
Perdidos sem ter muito o que ver, irão se esconder em outros
Infelizes embora aceitos, normais e sem vida.
Assim se segue, trocando outros olhares, tentando entender
Em lados opostos, se enganando em outros olhos que existem
Na esperança de superar, ignorar e deixar na memória o que restou
Dos belos olhares perolados e brilhantes de outrora.


LUIZINHO BRITO

quarta-feira, 20 de abril de 2011

DO MEIO DO NADA ONDE MORAM AS IDEIAS




Do meio do nada, esquisito falar isso, tive uma ideia. Ideia que vem do meio do nada nem deveria existir, no entanto pausei a ideia e pensei como poderia surgir uma ideia no meio do nada, se nada é inimaginável. O que seria o nada? E o meio dele? Mas no meio do nada eu tive uma ideia!
Deixa a ideia descansar e vamos voltar ao nada e o meio do nada de onde tiro as minhas maiores maluquices, os meus delírios e os meus anseios. Percebo que algo de concreto, perceptível aparece. Foi assim com meus poemas, com algumas porcarias que escrevi e que as pessoas admiram. Não sei se admiram mais minhas doideiras parafraseadas do que eu, mas enfim, o curioso é que o que toma algum espaço e tempo ao meu redor surgiram do meio do nada. Nem tempo, nem espaço, nem física, nem química, imperceptível! Eu mesmo desconfio que nasci de dentro do nada, bem antes de surgir o homem até suas primeiras experiências espermatozóicas, até chegar a existência de meus pais para enfim surgir eu ali de esperma aos trinta e poucos anos de vida, de nada havia de existir.
A própria Biblia afirma que o mundo surgiu do meio do nada. Deus estava no meio do nada. Eu ainda agora estou no meio do nada buscando uma ideia. Buscando não, ela já veio só está ali descansando enquanto tento resolver essa equação filosófica que me veio do meio do nada.
Mudar o mundo a partir do meio do nada. Acho que o meio do nada deve ser o lugar onde todos os espíritos se encontram para confabularem quanto a vida na Terra e vai lá saber se eles, todos desprovidos materialmente, não imaginam o Mundo como o meio do nada? O meio do nada deles pode ser justamente o nosso mundo assim como eu agora penso que o meio do nada é o Nosso Lar.
Acho que vou escrever um romance que tenha como enredo o meio do nada de tanto que esse lugar infernal que jogam as ideias mais insanas como labaredas vulcánicas em erupção me perturba no dificil trabalho investigativo de identificá-lo.
Enquanto a ideia descansa, uma fila de novas ideias estão tentando invadir essa minha reflexão do meio do nada, elas não param de chegar e acabo que terei de distribuir senhas para elas não se atropelarem Na disputa de chegar primeiro na porta do meu cérebro.
Vejo as ideias como os milhões de espermatozóides que correm rumo ao pódio do últero materno. A que chega fecunda e vira sei lá o quê! Se for em seres humanos, penso que foi ideia perdida, mau utilizada, esforço a toa. Mas se derrepente, ela vira num livro, numa pintura, numa música, num objeto qualquer, até em você que assim como eu, fica intrigado tentando entender de onde elas surgem, como verdadeiros cientístas da filosofia cotidiana, pode se dizer que essa ideia foi bem sucedida.
Uma ideia bem sucedida vinda do meio do nada é ao meu ver uma obra revolucionária, mesmo que não seja, cada um direciona seus ideais revolucionário para onde quiser. O meu é esse.
Eu deveria parar por aqui senão posso correr o risco de perder todas as ideias que estão desesperadamente me perturbando, mas não posso fazê-lo sem antes dizer que as ideias que não são bem sucedidas e que são milhões no mundo todo precisam ser respeitadas também, porque são elas que fazem nossa economia girar, que enriquece alguns sem ideias de sorte e deixa o meio do nada burbulhando de coisas novas para que poucos como eu e você fiquemos assim perturbados sem dar conta de atender a todas elas.
E agora termino do ponto onde comecei. Bem do meio do nada. Esse lugar esquisito, sem ocupação temporal ou espacial e que cuja missão é perseguir de forma cruel algumas mentes insanas e ociosas como a minha e a sua que lê esse texto.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

UM PENSAMENTO PERDIDO



Um fígado que queima
De dor das dores do amor
Não compreendido, não decidido, inseguro
Arde em ciúmes daquilo que se quer saber existir
Mas anunciado nas evidências que não cessam
Pelo papel com o telefone de outro alguém
Com letras redondas e lindas, convidativas
Libidinosas.
Tão reais e vibrantes que levam aos olhos o acontecimento
Do que se duvida saber se existe.

terça-feira, 1 de março de 2011

QUANDO O DIA E A HORA CERTA ACABA EM MACARRONADA




Ontem a noite eu esperava desfrutar de uma delíciosa noite de sexo. Eu ansiava o prazer que há algum tempo desconhecia por falta de um outro lado. Acordei já extasiado com a possibilidade do dia acabar e a noite chegar. Fiz planos, procurei receitas, preparei o melhor charuto e o vinho tinto envelhecido não muito encorpado para não amargar os desejos e com um forte aroma de uva para estimular a tentação.
Algo me fazia sentir que ontem seria uma noite prazerosa, não sei se por conta das insinuações, da sede ou então das fantasias. Havia um ar de gozo no olhar, no movimento dos lábios carnudos ao me dizer coisas que mal posso lembrar agora e nos gestos que mesmo ao simples esfregar das mãos me dava a sensação de assédio libidinoso.
E como nem tudo acontece na hora em que deveria, decidi em esperar por mais um dia, afinal de contas, vinte e quatro horas não é tanto tempo para quem vive na secura a mais de um mês. Se compararmos aos efeitos do aquecimento global, tem regiões que ficam a muito mais tempo sem saber o que é chuva.
Como eu estava a tanto tempo, para não correr o risco de sofrer um temporal avassalador, repentino e rápido como as chuvas do mês de março, preferi romantizar o momento, para que ele fosse igual uma garoa permanente como aquelas dos dias chuvosos de inverno.
Mas eu percebi na noite de ontem que se nem tudo acontece na hora em que deveria, também não se deve planejar a hora certa para as coisas que não tem hora.
Então, para amenizar meu tédio e minha frustração, ontem a noite ao invés de ir para o banheiro fantasiar sozinho como quem se castiga por ser idiota, mudei o rumo e fui para a cozinha. Lá sim pude desfrutar do prazer de fumar o charuto e o vinho que eu havia reservado para dois, pedi para Chet Baker cantar “Deep in a Dream” mesmo que fosse só para mim e já recuperado olhei para a mesa onde estava o espagueti, o molho de tomate e as intenções de uma massa à bolonhesa. Sem me exitar com a decepção, tomei coragem peguei as panelas e fui para o fogão preparar uma bela macarronada e depois de pronta, pude ver que não era bem de sexo que eu precisava, mas de prazer. Um prazer diferente, mesmo que fosse solitário e depois de comer bastante me senti maravilhosamente bem para dormir e esperar o hoje para que eu possa ter a sorte de passar por uma nova situação que não tem hora e nem dia certo para acontecer.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

QUEM É DA ROSEIRA, FAZ DA VIDA UM GRANDE CARNAVAL





Por Luizinho Brito

Roseira,
De onde surge a mais bela de todas as rosas.
São rosas de ouro, que nascem na vontade de brilhar;
Seduz pela vaidade, elevando os sentidos e emanando riquezas.
Se abrem, enfeitando o azul do céu como o sol da manhã.
E como mágica, alegram e iluminam na fé e na esperança
A vida de quem não se abate diante da guerra.
Sua cor rosa serve de inspiração para o amor e a felicidade

Roseira,
De onde surge o mais belo dos sons
O samba, que rega as rosas de ouro
Se faz ouvir como água da fonte que corre para a vida
Ecoam seu batuque e espalha seu canto igual sabiá
E no fascínio, acalmam e renovam as forças
Dos que não fogem à luta de matar vários leões por dia
E seu ritmo é a cadência da paz e da liberdade

Quem é dessa roseira
Também se faz rosa, de ouro.
Com alma azul e rosa, feito criança
E poetiza a vida, num grande carnaval.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O PEDIDO




Antonio chega ao restaurante, olha para os lados, senta-se a mesa, acende um cigarro e olha pro horizonte até avistar Lena que vem ao seu encontro e também se senta:


LENA: Nossa, que estranho você me chamar para almoçar assim, tão de última hora.
ANTONIO: Me desculpe, mas eu não podia esperar mais ( apaga o cigarro). Quero transar com você!
LENA: O quê?
ANTONIO: Sim, eu tava ensaiando pra te dizer isso e nunca consegui, achei que agora seria o momento.
LENA: Na hora do almoço? E num restaurante?. Sem falar que hoje é segunda – feira e estou no meio do trabalho! Você num acha que é um momento nada romântico pra um pedido tão...Tão...Sei lá, tão direto e objetivo?
ANTONIO: Sim, mas não gosto de muito romantismo. É uma chatice e depois, não consigo lidar com essas situações! Bom, você não é obrigada a fazer sexo comigo, é só dizer não e tudo bem! Aliás, já entendi. Não precisa dizer mais nada.
LENA: Não Antonio, não é isso! É que eu nunca achei que você gostasse de sexo por sexo simplesmente. Vive dizendo coisas difíceis, acha tudo chato. Pensei que tratasse sexo como um ritual tântrico, sei lá. E depois, estou surpresa! É normal que eu me sinta assim!
ANTONIO: Sim, sim! Entendo. Mas então, já passada a surpresa, topa transar comigo!
Um silêncio entre os dois.
LENA: Ai não sei Antônio. Não to acostumada a essas coisas!
ANTONIO: A fazer sexo?
LENA: É! Quer dizer! Assim, sem um clima, no meio do dia!..E depois, isso que você fez não se faz! Se fosse outra mulher se ofenderia e te daria um bofetão na melhor das hipóteses. Na pior, te denunciaria e te aplicaria a Lei Maria da Penha!
ANTONIO: Maria de quem?
LENA: Esquece! Você nunca foi de se informar muito mesmo sobre leis, principalmente quando se trata de direitos da mulher!
ANTONIO: Eu preciso tirar uma dúvida!
LENA: Que dúvida?
ANTONIO: Sei lá, melhor deixar pra lá!
LENA: Diga Antônio! Nada mais me surpreende!
ANTONIO: Acho que sou gay!
LENA: O que? ( Lena se levanta da mesa abruptamente), Você tá louco Antônio! Não acredito nisso!
ANTONIO: Eu também não!
LENA: Não! Que você é gay eu acredito sim, mas que quer testar sua homossexualidade me usando é que não posso acreditar, seu estúpido! Porque não pede pra sua mãe transar com você?
Lena sai do restaurante e Antonio fica observando-a.
ANTONIO: (sozinho) Grossa!
Um garçon se aproxima
GARÇON: O senhor já fez o pedido?
ANTONIO: (olhando para o garçon) Sim, fiz mas ela não aceitou e ainda me ofendeu! Disgraçada!
GARÇON: Não senhor! Digo se já fez o pedido do que vai comer!
ANTONIO: ( Se levanta da mesa) Não quero comer nada e ninguém, até mais! ( sai).

SEU CLÁUDIO - "UMA HISTÓRIA"




Seu Cláudio é do tipo popular que fala com todo mundo e é querido por todos no bairro. Por onde quer que passe sempre tem alguém para ouvir suas piadas ou suas histórias. Quem vê ele passar sempre sorridente, falando alto e feliz da vida acaba se contagiando com sua alegria. Mas nem tudo foi motivo de felicidade na vida de Seu Cláudio.
Seu Cláudio de Brito é casado a 32 anos com dona Iracema e com ela teve 4 filhos. Luiz, Sheila, Fábio e a caçula Amanda.
Durante todo esse período a vida de seu Cláudio e dona Cema passou por muitos altos e baixos. Mas o que sempre predominou entre eles foi o respeito e a cumplicidade, além da esperança de uma vida melhor para eles e para os seus filhos.
Mesmo com todos os percalços que a vida lhe impôs, tendo muitas vezes que enfrentar pessoas e situações adversas seu Cláudio nunca deixou se abater. Com o mesmo sorriso marcado pela vida difícil e com o olhar de quem acredita num futuro melhor, Seu Cláudio nunca perde a hora e o batente. Mal amanhece e lá está ele a plena cinco da manhã feliz da vida indo cumprir sua jornada.
Fanático por futebol e apaixonado pelo Corinthians, podemos dizer que seu Cláudio é um craque em superação e sua melhor jogada foi a boa criação que conseguiu dar junto com dona Cema aos seus 4 filhos que hoje estão tomando seus rumos e sua independência. E seguindo o belo exemplo dos pais.
A palavra pai para seu Cláudio é pouco para sintetizar o grande amigo que ele é da sua esposa, dos seus filhos e de todos os que lhes cerca. É o grande orgulho da família Brito!
E como já disse nem tudo é motivo de felicidade já que nesse ano que passou seu Cláudio teve um dos momentos mais tristes da sua vida que foi enfrentar a morte do seu Dirceu, o seu querido pai e ainda ter forças para lidar com a doença de sua mãe Dona Maria que sofre de Alzhaimer.
E aqui netos e nora prestam uma singela homenagem a esses velhinhos que por tanto tempo acompanharam a luta da família Brito e reitera ao seu Cláudio a sua vocação para superação e que esta é apenas mais uma situação em que o grande desafio é superar a tristeza, olhar o horizonte e perceber como um grande polivalente o quanto viver é bom. Principalmente quando se tem o privilégio de manter uma família que apesar de pequena é unida e fraterna.
Pequena por enquanto porque se por um lado a vida ao seguir seu destino leva pessoas que amamos, por outro preenche a falta com outra felicidade que seu Cláudio e dona Iracema estão tendo em ser avós de primeira viagem do Bruninho.
E o Bruninho é o maior símbolo de esperança que poderia surgir na saga da família Brito e hoje nesta data tão especial seus familiares e amigos se reúnem para lhe prestar essa homenagem e dizer o quanto é bom poder contar com sua alegria, com seu sorriso e com sua presença.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

POESIA - ALMA NO ARMÁRIO



ALMA NO ARMÁRIO

De tantas coisas me prendi
Pensava me libertar para novas experiências.
Para sufocar a solidão. Guardei a alma no armário.
Enfraqueci o coração e dei vida à ilusão.
Acreditei nas batidas e respirei cada vez mais fundo.
O ar falso travestido de lua cheia me enganou.
Soltei gritos de amor verdadeiro na luz fraca
Da liberdade que se esvaiu
Como o líquido vermelho, quente e lúgubre
Passando por entre os dedos
O céu se tingiu numa mancha
Escura como a vida
Despejado no chão duro
como o mundo e a alma no armário
sufocada, trancafiada. Triste e enganada.


LUIZINHO BRITO