sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PENSAMENTO PERDIDO - EU, O HOMEM E O MEDO



A filosofia entrou em crise no blog MicroPoesiaHumana. Não tenho recebido muitas ideias do campo transcendental, mas li recentemente um texto muito interessante sobre Tomas Hobbes e a sociedade do medo. E puxei na memória um pensamento que tive quando soube da libertação de Gil Rugai. Aquele estudante acusado de matar o pai e a madrasta.
Eu me perguntava o que leva um indivíduo se sujeitar a tirar a vida de outro, que tipo de ameaça nós somos? E Hobbes respondeu da maneira dele que " o ser humano só age em busca do próprio bem, sem levar em conta o outro. O medo da morte é que teria movido o homem, por exempo, a viver em sociedade, onde há regras para impedir a agressão"*. Bela explicação.
Hobbes nasceu na aldeia de Westport,próxima a Malmesbuy, em Wiltshire, na Inglaterra, no dia 5 de abril de 1588, ano em que o corsário e almirante inglês Sir Francis Drake (1452-1596)derrotou a chamada Invencível Armada espanhola. Segundo consta, Hobbes admitia que sua mãe havia entrado em trabalho de parto ao ouvir rumores da aproximação da Invencível Armada: "De modo que o medo e eu nascemos gêmeos", como recordará ele no final da vida.
Usei esse trecho do texto mais por curiosidade, porque o meu objetivo nesse post é estimular o pensamento livre sobre essa coisa terrível que é a morte como defesa de si mesmo e dos outros. Loucura isso!

* Trecho extraído do texto "Medo, conatus e solidão em Thomas Hobbes" de Delmo Mattos, publicado na revista Filosofia,nº31, publicada pela editora Ciência & Vida.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MEU CARNAVAL

No Brasil é carnaval. E eu, como um bom brasileiro, tenho uma paixão por esta festa pagã em que a grande maioria do povo se liberta das amarras da ordem social e por três dias, vivem o sonho de ser reis, rainhas ou jardineiros. É a felicidade, como já escreveu o mestre Vinícius de Moraes ou então a democracia salientada por Roberto Damatta no livro "O que é o Brasil".
Acho as festas pagãs muito mais divertidas e alto astral do que as festas religiosas cristãs. Nada contra essas outras, mas prefiro o carnaval
E enquanto muitas pessoas se programam pra viajar, eu já tenho uma tradição de curtir o carnaval em São Paulo mesmo. A cidade fica meia vazia, sem aquele corre-corre frenético, com um ar de elegância, embora eu não tenho percebido diminuição nas filas de alguns lugares. Mas ainda assim, prefiro curtir de maneira bem paulistana, acompanhando os maravilhosos desfiles das escolas de samba de São Paulo no anhembi, em especial a minha querida Rosas de Ouro que oxalá conquiste o merecido titulo de campeã e acabe com o jejum de quem não ganha carnaval desde 1994.
É gostoso aproveitar os dias de folia em sampa para ir ao shopping, ao cinema, ver um show ou simplesmente tomar cerveja num boteco com os amigos.
E assim vai meu carnaval.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Essa noite vou ficar com a poesia.
Fazer sexo com ela
Acariciar as palavras
Beijar os versos
Desejar as estrofes
E gozar...
Poesia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O AMOR É PECADO CAPITAL

O amor é um pecado capital, amar não. Quem ama é vítima da maçã e do veneno doce que escorre feito mel.
É mel. Açucarado, leitoso, sem grandes sabores. O pecado está no amor de quem ama. Como podem os homens amar tanto?
Um sentimentozinho que dizem vir do coração, mesmo quando esse deixa de bater abruptamente num surto desesperado de quem não deseja nada mais do que um copo d água na hora da sede. E se libertar deste terrível pecado tão capital quanto a gula.
Não meus caros, não se iludam com as inverdades daqueles que tapam o sol com a peneira. Se o amor fosse bom sentimento, ele não seria tão adaptável aos homens. Ele é uma tentação maligna, tal qual é a paixão.
Essa sim é corajosa. Não teme ao se assumir como pecado, tão capital como a luxúria, tão quente quanto o inferno e real como o diabo. É o diabo de saias, seios, bundas e sexos, além de beleza estonteante. Embora os apaixonados se queiram todos santos.
Ao contrário do que se diz do amor, a paixão não vem do coração. Deste passa longe, porque o seu ponto fraco, o seu alvo é o desejo, o sexo, a sedução e a pureza dos gozos desperdiçados ao léu.
Com ela, essa diaba, os apaixonados não têm perdões. São igualmente pecadores e por isso devem pagar, comendo chocolates exageradamente apimentados, de onde escorre o conhaque que destrói os fígados e inebriam as mentes.
O pecado só se desfaz quando o eclipse humano aproxima esses dois sentimentos que se alternam entre sombras e figurações. Acontecimento único é esse encontro do veneno doce da maçã com o apimentado do chocolate e conhaque.
Começa aí um novo sentimento ainda em estudo, mas que já se sabe é cristalino e puro como a água da fonte. Suave como vinho e inocente como os homens.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

ESCRITORES E DEMÔNIOS

Hoje eu fui a uma livraria na região central da cidade e lá comecei a ler as orelhas dos livros que foram lançados recentemente. Chamou a minha atenção o número de obras que tratam de demônios. Ali mesmo questionei em pensamento esse gosto que grandes escritores, alguns consagrados, outros começando agora na carreira literária, tem por esse ser tão misterioso e tão presente nas ficções.
Eu não conseguiria dar um titulo agora, mas me perguntava o que leva os escritores a adorar essa figura tão odiada pela humanidade. Não cheguei a conclusão nenhuma e nem haveria de chegar porque se trata de um fenômeno inexplicável.
A única certeza que tive ao sair da livraria é a de que todo escritor é acompanhado por demônios. E eles nem são tão maus como prega o cristianismo. Pelo menos para os que exercem a arte da escrita.
São essas criaturas perturbadoras que tomam os corpos e tentam desvendar o misterio, construindo suas maldades, suas tragédias nietzchiana, seus amores, paixões, sexualidades, desejos, mortes e enfim, mostram a vida para os escritores e esses, empossados da missão de desvendar o mistério da vida, ouvem seus demônios, como quem ouve grandes amigos.