quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM BEIJO DE ANO NOVO


Ano passado tive um amor no Neblon. Era véspera de virada de ano. Acordei cedo e fui passear pelo calçadão da praia que estava cheia de gente num sol escaldante e um dia diáfano que parecia um quadro pintado a tinta a óleo de viva que estavam as cores do azul do mar que se confundia com o límpido do céu, o branco da areia, as cores das roupas e o barulho dos carros que passavam lentamente pela orla. Me incomodava um pouco aquela agitação, mas no todo me agradava estar ali caminhando.
Enquanto andava, ouvia pelo fone de ouvido uma rádio que tocava jazz. Eu pensava na vida, ao contrário de muitos que estavam ali se embebedando logo cedo, sorrindo, cantando, gritando e feliz por ter passado por mais um ano. A cada passo, uma retrospectiva, um fato, uma conversa, uma pessoa. Olhava o mar, respirava fundo e seguia o meu caminho sem destino certo.
Numa das minhas paradas, a penúltima. Me sentei para tomar uma água e contemplar o mar ao longe. Reparei um navio lindo que se movia lentamente e acalmava meu pensamento. Uma mulher se sentou ao meu lado e olhou para frente, bem para onde eu mirava o olhar. E então, me cumprimentou e eu retribui. Ficamos mais um pouco em silêncio, até que partiu dela as primeiras frases de uma conversa que marcaria um ano da minha vida.
Falamos do calor, das pessoas, da festa e sem mais explicações nos beijamos. Simplesmente. Foi um beijo efêmero, de quem necessita de alguma coisa inexplicável. Achei estranho, mas gostei muito daquele momento. Quase não nos falamos depois do beijo, apenas nos olhávamos nos olhos. E aí, depois que voltamos a praia, ela me perguntou se eu morava na cidade, eu disse que não, era apenas um turista de São Paulo e ela coincidentemente me disse que também era da capital paulista e que iria embora ainda naquela tarde.
Mesmo sem conhecê-la senti uma tristeza. Não queria que ela fosse embora, então para me confortar perguntei-lhe o nome e ela me respondeu, “ Manuela!”. Tentei com fracos argumentos convencê-la a ficar, mas ela me parecia bem decidida, tinha planos e precisava executá-los. O meu plano naquele momento era conhecê-la mais a fundo e claro a beijá-la, então propus insistentemente “ Fique até o Reveillon, passe comigo!”. E ela me respondeu, “ Num posso, estou com meu marido e meus dois filhos, mesmo que fique terá de ser ao lado deles”. Tomei um susto. Que mulher louca. Me beijar assim em público sem saber quem sou e o pior, sendo casada com filhos. E se vissem aquela cena? Era capaz até de eu passar o reveillon no mundo dos mortos. Meu coração acelerou e tive medo, me despedi assustado e fui saindo dali com uma certa raiva daquela mulher que tinha o nariz fino e a pele do rosto alva protegida por um enorme e elegante chapéu. Cada um saiu para um lado em caminhos opostos, mas depois de alguns passos, confesso que não resisti, olhei para atras e ainda pude ver aquelas ancas lindas rebolando enquanto se distanciavam. Eu não pensei, apenas corri para alcançá-la. Peguei em seu ombro direito “ Espere! Pegue pelo menos o meu telefone!”. Como eu sou um advogado sempre prevenido, dei lhe um cartão de visita com os meus números e olhei mais uma vez em seus olhos castanhos. Percebi que ela tinha uma cicatriz próximo aos lábios que a deixava mais bonita. Ela me deu um leve sorriso, guardou o cartão e para minha surpresa me disse “ Quer que eu ligue quando?”. Eu esperava que ela agradeceria e diria que um dia ligaria, mas que jogaria o cartão na primeira lixeira que encontrasse. “ Quando? Estarei em São Paulo depois do feriado!”. “Te ligarei!”.
Passei o resto do dia pensando em Manuela. Lembrando o beijo repentino, as conversas desconexas e com a esperança de um telefonema. Tive vontade de voltar para São Paulo ainda naquele dia, antes de meia noite, na expectativa de que ela me ligasse logo nas primeiras horas do ano novo. Mas eu também não podia me desesperar.
Fiquei o resto do dia perturbado, mas feliz. Havia tempo que eu não beijava ninguém, já até me acostumara com a solidão e nem procurava por emoções afetivas.
Chegou a hora da virada, cumprimentei os poucos amigos que me acompanhavam e todos já tinham percebido que eu estava diferente. Olhei os fogos, a bagunça que as pessoas faziam na beira da praia, mirei o mar e bem distante um navio com suas luzes cintilantes se movia lentamente, tranquilizando meu pensamento e me fazendo lembrar de Manuela.
O Reveillon passou, o feriado acabou e eu voltei para São Paulo, para a rotina do dia a dia e numa quarta feira próxima do fim de janeiro, eu estava em casa de bobeira ouvindo uma música do Paulinho da Viola quando meu telefone tocou. Era um número desconhecido e eu nem me lembrava com tanta vivacidade de Manuela. “ Alô, eu num disse que ligaria? Pois então, promessa é dívida”. Não consigo explicar aqui a alegria que senti. Eu parecia um garoto que acabara de se apaixonar por uma mulher mais velha. Eu gaguejei e perdi as palavras, “ O que digo agora meu Deus?”, pensei. E então houve um breve silêncio, quando ela retomou “ Você está aí?” “Sim estou, é que estou emocionado. Pensei que...” “ Então pensou errado, gostei muito de te conhecer na praia, adorei te beijar e quero muito que esse momento fique inesquecível na nossa memória. Pena que não poderei te ligar mais e peço para que apague o número de sua agenda porque eu não terei coragem de trair meu marido. Fiquemos com a sensação de uma amizade efêmera. Adorei, um beijo e feliz ano novo.”
Depois disso nunca mais nos falamos e hoje que passou um ano do ocorrido, escrevo essa história aqui do banco onde aconteceu a cena do beijo, lá no horizonte, um navio se movimenta lentamente, acho que o mesmo do ano passado. Mas Manuela até agora não apareceu.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

FELIZ ANO NOVO A TODOS


Estamos nos últimos passos de 2009. Como de costume, sempre uso a última semana de cada ano para fazer uma retrospectiva mental de tudo que fiz de interessante para me avaliar.
Sinto que ano que vem será bem melhor. Até porque tentarei seguir a Receita que Carlos Drummond de Andrade nos passou e que reproduzo abaixo de presente a todos os meus leitores.

NOS VEMOS EM 2010! UM FELIZ ANO NOVO A TODOS!

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A FESTA DE DONA ANGELINA


No sábado passado Dona Angelina fez uma festa que foi de arromba. Ela queria comemorar seus sessenta anos de idade com uma galera diferente que fosse bem mais jovem e animada. Até que conseguiu porque as pessoas se embebedaram e ouviram Roberto Carlos com uma vivacidade de quem ouve Lady Gaga.
Ela estava muito feliz. Pulava, cantava, bebia e chegou a dar uns beijinhos num garoto que era amigo de seu quinto neto. Ninguém se espantou com a cena porque afinal era uma festa de sessenta anos com a temática anos dois mil.
Dona Angelina pensou que era muito mais bacana fazer uma festa de aniversário aos moldes modernos do que uma daquelas chatérrimas dos anos sessenta, setenta ou daí para trás. Imagine uma festa da saudade! “Deus me livre” dizia ela. “ Saudade para quê? Já estou com sessenta anos, se eu começar a viver de saudades me esqueço do hoje e aí perco o que está na moda.”
A moda é o que pega. E essa geração é muito mais aberta, mais viva. Ela grita mais, dança mais, fala muito mais besteiras, até sexo fazem mais e com muito mais vigor. Dona Angelina queria ter nascido nessa geração e conhecido a de sessenta e oito apenas pelos livros do Zuenir Ventura.
Tirando o quinto neto, que além de ser jovem e muito ligado a avó materna, os outros quatros sentem vergonha do jeito com que dona Angelina se comporta, “ Pensa que é uma adolescente!”. Sua filha já não se importa, acha a mãe divertida e até briga muito com o marido e os filhos mais velhos defendendo a opção de Dona Angelina. A única coisa que desaprovou foi um relacionamento relampago que a sua mãe teve com uma lésbica que tinha quase a mesma idade dela.” É uma experiência nova para mim Érica, deixa eu curtir depois te falo se virei lésbica ou não!”.
No fundo era só uma experiência mesmo, que não durou mais do que alguns dias até aparecer um senhor meio maluco que a roubou da tal lésbica que sumiu do mapa.
Na festa de sábado passado Dona Angelina estava solteira porque sabia o que queria. E ela por sí só já se bastava, não precisava de companhia de ninguém, apenas dos amigos. Mesmo que fossem os amigos do seu quinto neto já que os seus sumiram para ficar vivendo de saudades.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

GOTA DE ORVALHO OU ESPERANÇA?


A felicidade não é como a gota de orvalho como diz a canção de Jobim. Acho que ela é a esperança do surgimento do orvalho. Uma esperança. Hoje se digo que estou feliz, quero dizer na verdade que estou com uma esperança. E realmente estou com uma ponta de felicidade no futuro. E como o futuro é incerto, afirmo que sinto uma felicidade indefinida e efêmera.
Penso que criar uma expectativa, mesmo quando as coisas não estão a nosso favor. Aliás, raramente elas estão. Ainda assim, construímos uma certa ilusão que nos ajuda a afastar o sentimento depressivo, as músicas da Elis e o álcool. E assim vamos vivendo o dia após dia esperando a gota de orvalho numa pétala de flor.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ROMANCE SONÂNBULO


Federico Garcia Lorca

(A Gloria Giner e a
Fernando de los Rios)


Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
— Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
— Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
— Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
— Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.


Federico Garcia Lorca nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936, assassinado pelos "Nacionalistas". Nessa ocasião o general Franco dava início à guerra civil espanhola. Apesar de nunca ter sido comunista - apenas um socialista convicto que havia tomado posição a favor da República - Lorca, então com 38 anos, foi preso por um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver." Avesso à violência, o poeta, como homossexual que era, sabia muito bem o quanto era doloroso sentir-se ameaçado e perseguido. Nessa época, suas peças teatrais "A casa de Bernarda Alba", "Yerma", "Bodas de sangue", "Dona Rosita, a solteira" e outras, eram encenadas com sucesso. Sua execução, com um tiro na nuca, teve repercussão mundial.


A poesia acima foi extraída de sua "Antologia Poética", Editora Leitura S. A. - Rio de Janeiro, 1966, pág. 53, tradução e seleção de Afonso Felix de Sousa.

sábado, 14 de novembro de 2009

CULPA DA MÃE?


Quando abri os olhos senti a claridade da manhã ensolarada invadir minhas vistas. Na noite anterior me esqueci de fechar as cortinas da janela e assim evitar que luz matinal invadisse meu quarte e atrapalhasse meu sono.
Nunca gostei de acordar cedo, pelo menos uma grande parte das pessoas que conheço também não e isso é o que me conforta profundamente, porque me deixa igual aos demais.
Ainda deitado, com o meu pequeno quarto iluminado pela luz do sol e pelo abajour que eu também deixara aceso a noite toda, comecei a pensar na vida. Um pensamento involuntário. As coisas vinham na minha mente sem que eu as controlasse ou selecionasse o que queria refletir.
Pensar na vida não é uma coisa dificil para mim que estou sempre exercitando essa prática. Não sou filósofo, apenas penso, lembro e relembro fatos. Um dia quis até escrever uma crônica sobre o que eu pensava, mas logo me deu preguiça e desisti.
Preguiça eu tenho de sobra. Seja para trabalhar, seja para estudar, para namorar, para ler, escrever, enfim. Sou um ser preguiçoso.
Mas não atribuo minha preguiça a vagabundagem porque vagabundo eu não sou. Até faço uns trabalhinhos aqui e acolá, ganho um pouco de dinheiro que me permite ir no cinema, comprar um jeans novo ou então ajudar a pagar a conta de telefone.
O céu límpido de um azul celestial, com um raio de sol que mira meu rosto ainda marcado com os traços do sono e da noite mal dormida me perguntam o que vou ser quando crescer. E eu não sei responder a essa provocação, porque já tenho mais de quarenta anos de idade. Crescer como e aonde? Rebato a questão com outra.
Logo minha mãe acordará e me chamará aos berros para que vá odiosamente a padaria que para meu desgosto, fica a mais de quinze minutos da minha casa. Acho que ela faz isso de propósito, para me ver com raiva. Eu não tenho culpa de ser assim caralho!
Culpa tem ela que não me colocou logo cedo para trabalhar, para fazer cursos, esportes, até teatro amador eu faria, embora nunca tivesse talento para as artes.
Agora vive me criticando porque não tomo atitude para nada, fico o dia todo em frente a teve, vendo os programas de auditório.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

FUGA


Tem horas em que eu gostaria de viver no meio do mato. Bem longe das pessoas. Podia ser num casebre a alguns quilômetros da BR-319, entre o Acre e o Amazonas. E não me importaria muito se não tivesse as facilidades da vida urbana, desde que eu ficasse cercado dos meus livros, das minhas ideias e da minha solidão.
As pessoas são muito difíceis de serem compreendidas, inclusive eu que vivo cheio de crises existênciais e emocionais e as vezes tenho a estranha sensação de que ultrapasso os limites da minha pessoalidade e começo a infrigir na vida dos outros com minhas encanações.
Não gosto quando isso acontece, como agora. Para esses momentos tenho a solidão como amiga e companheira e ela sim é fiel, esteja eu bem ou mal sempre conto com a sua presença. Muito embora nos últimos dias tive a péssima ideia de querer dividir meus anseios com outra pessoa, que tanto quanto eu, não se define a que veio e também pouco se importa com as crises alheias, a não ser quando elas lhe convém.
Estou perdido e sem rumo, vejo caminhos opostos e uma impotência para uma decisão bem tomada. Daqui a pouco amanhece e minha fuga será o sono matutino ou então na falta desse, uma padaria, um jornal de consolo ou um simples caminhar.
Sinto uma dor forte no abdômen, que vem se intensificando ao longo dos dias e que me obrigará a procurar um médico, coisas que faço em momentos extremos. Por conta dela é que esse texto se faz ao amanhecer de um domingo perdido, aliás, mas um dia perdido nas divagações e ondulações do pensamento entre o real e o imaginário.
Me faria bem viver no meio do mato, mesmo que fosse por horas. Saber que não preciso entender ninguém e muito menos cobrar entendimento de alguém.

sábado, 17 de outubro de 2009

RETROSPECTIVA 2007.


Eu gosto muito de reler os textos antigos deste blog, porque eu procuro me lembrar porque escrevi determinada coisa e rememorar algumas situações que me trazem saudades ou divertimento. E para não deixá-los mortos na memória, resolvi postá-los novamente na íntegra com a data de postagem. Mas não se assustem porque não será diariamente, apenas aos sábados pela manhã.

NA FALTA DO QUE DIZER

Como é difícil manter um blog sempre atualizado com textos interessantes. Nem sempre os blogueiros de plantão estão inspirados a ponto de escreverem o que seus leitores querem ler. É o caso deste pseudo escritor.
Busco com afinco dentro do noticiário que leio diariamente, dos bate papos entre amigos, das cenas que vejo na tv ou na internet ou nas caminhadas pelas ruas da cidade, algo que seja digno de um bom texto opinativo. Nem sempre consigo interligar o que acontece a minha volta ao que penso sobre eles. Pura desatenção ou desinteresse pelo que meus olhos vêem. Paro e penso porque devo ter opinião formada sobre tudo? Porque sou jornalista, logo respondo, e como bom jornalista tenho obrigação de conhecer, analisar, entender, interpretar e consequentemente passá-lo adiante para outras pessoas para que sirva de contribuição á chamada formação de opinião.
Mas sinto que as coisas não estão tão importantes a ponto de merecer uma linha sequer de reflexão. Está tudo muito monótono. Há uma crise de fatos interessantes no mundo. Todos os dias, são as mesmas coisas, as mesmas opiniões e assim por diante.
Por isso não tenho conseguido deixar meu blog atraente e dinâmico. Para não deixá-lo perdido no mundo virtual, virei sempre que possível para dizer o que todos dizem, mesmo que seja para reclamar das faltas de inspirações.
Acabo de criar um poema e em breve publicarei neste querido espaço. Aguardem


texto publicado em 27/11/2007.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

POESIA DAS ANTIGAS


SOLIDÃO ROUBADA

Minha solidão se resume na sua companhia
Mesmo quando você não está aqui
Alias, você nunca esteve aqui
Mas aqui você está, sem sequer ter vindo um dia!

Está nas horas mortas do meu cotidiano vazio
Nos trabalhos desesperançosos da sobrevivência humana
Enfim, na glicose que me mantém a razão
Se é que ainda a tenho!

O ócio da minha solidão está preenchida pelo seu todo!
Até quando você é o nada perdido nas entrelinhas
De um conto mal elaborado, onde te tenho como semântica
E o resto não se explica, já que as explicações são exigências da razão.
E eu nem desconfio por onde ela esteja agora!

Você que nem conheço, me roubou a solidão
Transformou as insignificâncias dos meus objetivos.
Que por ora, se dava nas noticias dos jornais que lia
Num desespero emocional
Como dos loucos que abrem mão de si
Para viver os espíritos alheios
Estou dominado!

O branco das paredes, as madeiras dos móveis, os espelhos...
A chuva que agora cai, eram minha solidão
Até você aparecer não sei de onde
Talvez da minha falta de razão
E se apossar dos meus pertences como se a importância do ser
Nada mais seria do que suas vontades ocultas

Estou morto, porque perdi o conforto de uma calmaria solitária
Para viver uma efervescência calorosa dos desejos contrariados
Dos meus, já que os seus eu desconheço!
Você contaminou o oxigênio que me mantinha a razão.

Se restar sanidade em mim ainda,
Quero entrar totalmente em seu âmago.
Porque em algum lugar ai dentro
Deve estar escondida minha solidão.
E eu trarei ela novamente para minha razão
E você, cruel desconhecido
Estará perdido na suas explicações.



LUIZINHO BRITO

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

UM BELO TEXTO


Este texto sem título eu extraí da página de apresentação do meu amigo Ric que está no orkut. Achei bastante propício, simples e sincero. Bom pra refletir.

Nós seres humanos, somos naturalmente afetivos... Queremos amar, queremos ser amados, queremos expressar nosso amor, e termos liberdade para essa expressão... Nossa vida geralmente gira em torno de nossos afetos e a maioria das atitudes que tomamos na vida tem por base uma relação afetiva.
Repara se você não dá uma importância até exagerada a sua vida afetiva. Repara, por exemplo, como você se enche de expectativa com seus relacionamentos... Repara que se esse lado de sua vida não está bem, parece que o resto não tem muita importância. Ou então, se acontece alguma coisa com sua parte afetiva, ela puxa todo o resto, e tudo fica ruim...
Será que você é uma pessoa disposta ao amor, disposta a ter um relacionamento verdadeiro, ou você está disposto a se relacionar com seus sonhos e suas ilusões de viver um grande amor? Temos tantas ilusões dentro de nós que fica difícil nos relacionamentos com os outros...
Como aceitar o outro se, não aceitamos, nem mesmo a nós mesmos? Como permitir que o outro seja ele mesmo, se nós não nos permitimos ser como somos...
Deixamos nossos sonhos tomarem conta de nós, idealizamos um relacionamento e quando entramos em contato com o relacionamento real ficamos decepcionados, magoados... Como ele ou ela não é como eu gostaria? A mágoa vem do orgulho vem das fantasias que temos, essa ilusão de perfeição, de que tudo tinha quer ser como eu imaginei e não como é... Vem de crenças que é o outro que tem de me fazer feliz...
Nos ofendemos, ficamos magoados, generalizamos posturas e experiências... Dizemos que “é sempre assim”... que “a felicidade não existe”, etc. Prometemos a nós mesmos que não vamos entrar em outra... Juramos que nunca mais seremos bobo ou ingênuo e acabamos por fechar nosso coração... Com o tempo, temos vontade de experimentar novamente, mas lá dentro de nós existe uma promessa de não arriscar mais para não sofremos e não magoarmos outra vez. Nós nos vingamos do outro nos machucamos mais.
Nos impedimos de ir, continuamos feríveis, cheio de defesas, cheios de medo, receosos... Com medo de sofrer, sofremos... Acabamos reclamando de carência afetiva, de solidão, sem atentar ao fato de que carente não é quem não tem amor... é aquele que tem, mas não dá com medo de ser machucado, que a solidão é a distância que sinto de mim mesmo, pois deixei que as ilusões e os sonhos me colocassem para longe de minha verdade... Não é o mundo que está seco e distante.
Somos nós que estamos assim no mundo... Não são as pessoas que me magoaram ou me decepcionaram, mas fui eu que me enchi de sonhos e esperei que o outro cumprisse o roteiro que eu fiz para ele... Será que você é capaz de perceber e aceitar que fez isso com você? Será que você é capaz de aceitar o que passou em sua vida? Será que você fez um pacto com o seu infeliz e que tudo tem que ser difícil para você se castigar por seus enganos?
O medo de amar está aí porque não deixamos o passado passar. Não aceitamos que fomos incapazes de lidar com a realidade porque estávamos presos em nossos sonhos... Quanto mais sonhamos, mais sofremos. É aquela coisa que dizemos: “Quanto maior a subida, maior o tombo”. Chamamos de desgosto, de trauma, fazemos drama, tudo foi terrível e a culpa é sempre do outro que não soube entender o amor que tínhamos para dar. Mas eu pergunto: será que tínhamos amor para dar para ser real ou alguém que criamos em nossa fantasia? Afetividade é a relação que temos com a realidade, generosidade é aceitar o outro como é, cada um é um, amamos o outro justamente porque ele é diferente de nós... amamos a individualidade do outro, a natureza especial dele. Amar é aceitar o outro incondicionalmente. Mas, como posso dizer o outro se não sei amar a mim mesmo? Como posso dizer que aceito o outro como ele é se eu não me aceito como sou? Trocamos sonhos? Trocamos ilusões de perfeição? Trocamos o que cada um imagina, que o outro deveria ser, para nos fazer felizes?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

DEPOIS DO ACONTECIMENTO


Quando reclamei dos acontecimentos do mundo
Invejava Vinícius e no entanto,
Hoje não quero mais amar a ninguém.
Dizia que sofrer de amor contrariado era bom
Só que errei de novo e doente estou agora.
E então na minha vida o mundo mudou
Errático, desprendido, iludido e tolo.
Agora mudo de opinião
Para reconhecer humilde
O fim da poesia
Começo da vida.
Para ganhar o mundo.
Hoje quero a paz e a calmaria
Da vida onde nada acontece
Mesmo que eu seja um peixe. Velho, cansado e descrente.
Não me importo mais em viver
Somente para testemunhar e declamar
O que acontece na vida de todo mundo.

O QUE ACONTECE?


Acontece coisas na vida de todo mundo,
Mas na minha vida o mundo não acontece.
Eu hei de amar um dia, como amou Vinícius,
Tão forte e intenso, tão ensolarado ou nem tanto.

Vejo o mar, o sol, os amores dos outros.
Ah!.. Se eu fosse ao menos um pescador, pescaria um amor.
Mesmo que contrariado,
Sofrer de amor contrariado é um bom acontecimento.
Dá vida à vida, como doença ou paixão.

A arte de pescar não foi dado-me como dom.
Por isso sou poeta! Como tantos outros por aí...
Desprovidos dessa sorte,
Seguindo na imensidão do seu pequeno mundo
Na condição de um peixe. Velho, cansado e descrente.
Parado no mundo em que nada acontece.
Seu mundo! Meu mundo!

E na minha vida o mundo não acontece.
Vivo somente para testemunhar e declamar,
O que acontece na vida de todo mundo.


Poesia publicada na I Antologia Poética da "Confraria dos Poetas" (2007)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

UMA PENA!


Quando me sento para escrever, fico muito mais tempo navegando por sites do que pensando num tema que possa despertar o interesse dos leitores do blog. As vezes sinto falta de conversas inspiradoras. Algo que oriunde de um comentário interessante ou de um relato insípido mas que prenda a atenção e faça pensar.
Muito admiro Manoel Carlos que consegue buscar no seu cotidiano assuntos que dão novela e que duram oito meses. Se eu parar para buscar inspiração no cotidiano certamente o blog acaba amanhã mesmo, senão hoje.
Admiro também autores como o Ferréz que consegue contar coisas interessantes sobre o Capão Redondo, ou autores mais modernos que falam com facilidade sobre suas vivências em bairros sem grandes acontecimentos. Eu tento mas não consigo, talvez porque exijo demais dos fatos que me chegam ou por não me interessar muito por vidas alheias, o que é uma pena.
As minhas inspirações acabam vindo mesmo das crônicas que leio em revistas e jornais, desses últimos até que nem tanto, e então acabo discernindo sobre assuntos mais eruditos quando muitas vezes quero mesmo é falar dos acontecimentos que cercam o meu dia a dia. De novo uma pena!

domingo, 4 de outubro de 2009

ADEUS MERCEDES SOSA


Mercedes Sosa canta Gracias a la Vida – Letra de Violeta Parra


Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba noche y dia grillos y canarios
martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
asi yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.

Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida


Tradução para Português:

Mercedes Sosa – Obrigado à vida (Violeta Parra)

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me dois olhos que, quando os abro
perfeitamente distingo o preto do branco
e no alto céu, o seu fundo estrelado
e nas multidões, o homem que eu amo.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,
grava, noite e dia, grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuviscos
e a voz tão terna do meu bem amado.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o som e o abecedário
e, com ele, as palavras com que penso e falo
mãe, amigo, irmão e luz iluminando
a rota da alma de quem estou amando.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me a marcha dos meus pés cansados
com eles andei por cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e planícies
pela tua casa, tua rua e teu pátio.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o coração que todo se agita
quando vejo o fruto do cérebro humano,
quando vejo o bem tão longe do mal,
quando vejo no fundo do teus olhos claros.

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o riso e deu-me o pranto
assim eu distingo a felicidade da tristeza,
os dois materiais de que é feito o meu canto
e o canto de todos, que é o meu próprio canto

Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ROMANTISMO


Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)

Cecília Meireles

A FARSA DE QUERER SER FELIZ


Tolo! Assim me defino nesse momento de pura tristeza e falta de compreensão. Ontem até pensei que tinha esperança, mas ela não me apareceu hoje. Apareceu a desilusão de sempre e a sensação de mais uma vez ter sido tolo. Por acreditar na esperança morta.
Minha inteligência tão futil nesse momento se redimiu a uma pequena metáfora de Schopenhauer, onde o ser não cresce e eu não cresço!
Soube desde o início de que a esperança me chegara morta, mesmo assim me entreguei de maneira que pensei ser a mais sábia a minha decisão de coragem. Fui forte como Leão, ou talvez a própria força que abre a boca de um leão. Me encontrava encantado por uma beleza futura de vida quando decidi dar um passo a frente, sem a mínima noção de que poderia encontrar o precipício. Me entreguei aos caprichos da esperança morta e hoje desiludido estou a beira do precipício, entre a coragem de avançar e o medo de regredir, paralisado pelo pensamento contaminado por uma farsa. A farsa de querer ser feliz.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O PERIGO DE AMAR DEMAIS


Amar demais se torna uma prisão sem grades. Tanto para os que amam quanto para os que são amados. E no meu entender o pior prisioneiro é aquele que se prende no subconsciente do amor exagerado, do apego e da desconfiança.
E porque as pessoas, na sua grande maioria se deixam levar por esse sentimento exacerbado que cresce como uma enfermidade mal cuidada, até se transformar num ciúme altamente perigoso, quase maligno e cheio de suposições? Não há ainda uma resposta plausível para esse sentimento devastador.
Amar demais não é bom sentimento nem para quem é amado e muito menos para quem ama e sentimentos assim podem causar insanidades das mais perversas. O bom é ser comedido e equilibrado, livre de sentimentos de posse, de pensamentos infiéis e da ameaça de perda.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

TRADUZIR-SE


Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte
Será arte ?

Ferreira Gullar

domingo, 13 de setembro de 2009


Estamos em setembro, mês da primavera e das flores. Eu do meu lado me debruço na releitura de Jane Austen, dentre outras brochuras que me ocupam a maior parte do tempo livre e consome parte da minha inspiração para vir postar.
Mas não demorarei mais do que um breve tempo para escrever algo sobre a estação das flores aqui!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

POEMA SEM NOME E SEM NEXO, FRASES PERDIDAS

O que há de errado no mundo
Que não se deixa acertar
Ao confundir o arco e a flecha
Na beleza do dia radiante
Com um pequeno momento
De flertação inútil.
E o mundo nos brinda com uma canção
Tão fértil que o pensamento
E triste como a vida
Onde alguns vive a vida
Noutras a vida morre
Sem o gosto e o cheiro
De quem era o sabor
Minha pequena ambição
Tamanha diante do mundo
Regra a vida e entristece
A morte de quem não a mais deseja.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

FATO ISOLADO


Nessa manhã me lembrei de alguns momentos da minha juventude, quando eu fazia parte da Pastoral da Juventude e senti saudades dos amigos daquela época, dos retiros, das conversas, das músicas e do clima gostoso de ter um milhão de amigos.
Hoje os tempos são outros e até a Pastoral da qual eu pertenci naquele momento também não é a mesma.
To afim de fazer um filme!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

ESSE AMOR É DE TERCEIRO MUNDO



De cima de você eu via
Não compreendia, sequer entendia
Um minuto, um segundo...
Esse amor é de terceiro mundo!
Esse amor é de terceiro mundo!

Num momento de lucidez
Em meio a embriaguez
Me via perdido em cima de você
Atado pelo desejo descontrolado de querer ser
Dois corpos fundidos na ardente fricção
Subitamente enlameada por socos da aflição
Eu desejava sair desse submundo
Porque já disse
Esse amor é de terceiro mundo!
Esse amor é de terceiro mundo!

Chega de movimentos
Respeite meus sentimentos
Não me responda com seu prazer
Não quero seu prazer
Espere! Ouça o meu...
Respiro profundo
Me deixe fugir
Esse amor é de terceiro mundo!
Esse amor é de terceiro mundo!

Estonteado, de cima de você eu via
Tudo misturado no que eu sentia
Não sabia o que eu vivia
Mas tudo o que eu não queria
Nesse segundo de razão, era sair do meu mundo
Para viver esse falso amor de terceiro mundo!
Esse amor é de terceiro mundo!
Esse amor é de terceiro mundo!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

MANUELA PARTE 1


Numa dessas noites em que o bar estava lotado e o cheiro de cigarro exalava forte sob uma névoa de fumaça que mal deixava enxergar a cantora de jazz que ignorava todo o ambiente e se entregava elegante a uma de suas canções preferidas acompanhada de um piano ao fundo, Manuela apareceu e se sentou a uma mesa próximo a porta principal. Eu estava perto do palco e disposto a apreciar a cantora, mas a imagem de Manuela sentada ao fundo, vestida com um discreto longo cor de rosa e um olhar mais azul do que o mar tirava minha concentração. Havia tempos que eu não a via pelo bar. Para ser sincero, desde o dia em que nós nos amamos num motel barato que ficava na mesma rua do bar. Me lembro que ela prometera voltar na noite seguinte, quando ainda estávamos embalados sob os lençóis com forte odor de almíscar. Deitado ao lado dela, vi o perfil de um rosto delicado com uma alvura serena e satisfeita, de quem se entregou aos prazeres carnais sem se importar com os exageros ou pudores, se sujeitando inclusive a prolongar o momento até o amanhecer se não fosse seu compromisso conjugal que lhe obrigava a voltar para os braços do marido. O qual só fui ter conhecimento momentos antes de deixarmos o quarto ainda quente de desejo.
Nem sei se seu nome Manuela condiz com a verdade já que quem é capaz de omitir um casamento e trair também é capaz de mentir descaradamente, inventando um nome qualquer.
De onde eu estava, via a sua imagem refletida por um dos espelhos do bar. Ela me procurava entre os homens que ocupavam as demais mesas, não tinha me visto ainda, pelo menos foi o que eu pensara. Seus olhos azuis e brilhantes buscavam atentamente um rosto, que de certo seria o meu. Mas o meu nervosismo fez com que eu me escondesse atras de uma garrafa de uísque. Tímido e sorrateiro, deixei de lado o meu interesse pela intérprete de “Summertime” e me pus a observar os mínimos gestos de Manuela, desde sua mão direita segurando levemente o queixo enquanto o olhar desliza vagarosamente pelas mesas, fixando vez ou outra numa figura masculina que ali estava. Pensei por um momento em me mostrar levantando o pescoço e lhe dando um aceno, mas meu orgulho não deixou. Talvez se eu jogasse algo no chão e me levantasse para pegar ela me enxergaria e me chamaria. O problema é que eu sou medroso e não tentei nenhuma das tentativas, fiquei paralisado, olhando pelo espelho, sem sequer perceber o copo de uísque que estava quase vazio.
De súbito tive uma surpresa. Manuela sorriu. Seus lábios se abriram com uma tenuidade sofisticada, seu olhar se comunicou com um outro mancebo de terno marrom escuro e rosto espinhoso. Lentamente ela se levantou e deixou o bar, balançando as nádegas que se desenhavam pela cor rosa de seu vestido e segundos depois o homem também saiu. E eu, sem me importar com a cantora ou com qualquer outra coisa me levantei e saí do bar na tentativa de ver o encontro.

domingo, 2 de agosto de 2009

TRABALHAR NOS 30 ANOS PARA GARANTIR OS 40.


Passado o primeiro dos anos em que me dediquei a planejar o que eu chamo de aceleração do futuro, percebi que não avancei muito em vários aspectos. Isso me frustra por um lado, mas por outro me ajuda a rever alguns pontos que considero essenciais para a execução do meu plano.
Quando completei trinta anos, há um ano, me comprometi em trabalhar durante os dez anos seguintes para ter conforto a partir dos quarentas. Seria uma espécie de PAC pessoal, onde defini um plano de metas auspicioso interligado a várias áreas da vida, desde profissional, afetivo, familiar e até realizações pessoais como comprar um carro e um apartamento que seja preferencialmente na região central da cidade.
Um plano nada fácil de executar se eu considerar minha situação atual onde não possuo nenhuma perspectiva de melhora no meu trabalho em curto prazo e ainda me vejo atolado em dívidas antigas que adquiri ao longo dos meus vinte anos, fruto de uma juventude irresponsável, sem horizontes, imediatista e consumista. Uma década perdida na categoria “pensar o futuro”, mas bastante produtiva na categoria “prazeres instantâneos”.
Sem grandes arrependimentos do que vivi no passado, o importante é que vislumbrei um novo horizonte a partir do meu trigésimo aniversário e tento a duras penas alcançá-lo.
Como disse no início desse texto, ao analisar o primeiro dos anos planejados, se houve frustrações, não deixo de considerar pontos positivos também. Um deles foi observar o quanto as pessoas com as quais convivo estão comprometidas com esse meu projeto. Vi que muitas delas não se importam com esse meu plano. Consideram auspiciosos demais para ser alcançado e tentam me influenciar a viver dentro de um imediatismo consumista semelhante aos que eu vivia na minha segunda década de vida.
Percebi que maior do que as dificuldades financeiras que terei para me equilibrar e me guiar na concretização deste plano, será o desafio de eliminar da minha mente a influência das pessoas que me cercam, cheias de boas intenções e amizades virtuosas de prazeres mútuos. Terei de ter coragem para assumir o meu plano de aceleração do futuro como o bem maior dessa década, mesmo que para isso eu tenha que cortar na própria carne, me isolando numa solidão necessária, como se estivesse num campo de concentração máxima de onde só sairei quando completar quarenta anos. Tendo a consciência de que somente uma fatalidade me tirará da minha escolha.
Quero entrar na casa dos quarenta anos realizado plenamente para que as décadas seguintes sejam tomadas por realizações extras. Tenho a partir de agora nove anos para conquistar uma formação profissional, uma residência, um automóvel e alguns investimentos que me assegure viver os demais anos com tranqüilidade. Nas questões da afetividade é bem melhor não me envolver de cabeça com ninguém, a não ser que este alguém tenha afinidades de projetos. Caso seja apenas “um terceiro” como descrevi num dos textos acima, é bom que eu mantenha sempre a razão, para isso preciso de muito oxigênio, e leve na superficialidade e no bom humor para não me apegar e colocar tudo a perder.
Tarefa difícil essa, quase um sonho. Mas é a transformação kafkaniana que escolhi para a minha vida e que segurarei com afinco.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A PERFEIÇÃO E O TEXTO IMPERFEITO


Uma vez achei que tinha encontrado a perfeição numa dessas esquinas da cidade. Mas ela não era tão perfeita como eu imaginava.
Naquele dia a perfeição estava estática na esquina me olhando e me desejando. Pra ser sincero ela me desejava mais do que eu a ela e assim nós trocamos olhares, um sorriso cândido e num súbito a porra da perfeição estava na minha casa, ocupando a minha cama, me dando ordens enquanto eu corria para agradá-la da maneira mais perfeita possível, justamente porque era única. E numa frase caetana, ela invadia os sete buracos da minha cabeça – no meu caso cinco por motivos óbvios.
Tratei a perfeição como uma linda mulher de tez inglesa. Só que no fundo ela não passava de uma puta barata, dessas que se joga para qualquer pé rapado disposto a enfiar seu ego numa caçapa mal desocupada. E então conclui que o melhor é ficar com o imperfeito mesmo, porque ele não consegue enganar ninguém, mesmo quando tenta e no fundo acaba sendo mais sincero, verdadeiro e realizador.
É isso hoje. Sem grandes textos ou ideias, tive vontade de dizer essas bobagens. Sem me importar se trato com perfeição ou imperfeição este escrito.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

UM TEMPO, UM VENTO, HOJE.


Hoje dou lhe um tempo.
O tempo de hoje,
Temperamental,
Sem tempo.
Rápido como o amanhã;
Parcimonioso como ontem
Engajado é o vento
De hoje, que lhe dou.
Nele, o tempo
As têmporas lhe abrem,
E o rumo me mostram
No tempo que lhe dou
Hoje.

Luizinho Brito.
22/07/2009.

domingo, 12 de julho de 2009

O IDIOTA, A TERESINHA E O TERCEIRO


Nós idiotas sempre acreditamos ter encontrado o amor perfeito, mesmo quando ele aparece do nada depois de várias tentativas trabalhosas e tediosas. Imaginem só, sair para caçar, atrair, seduzir, se apaixonar, passar pelos micos de ter que aceitar as diferenças do outro, geralmente uma chatice, até enfim dizer “ Estou amando”, “puxa, não é que estou amando de verdade, gente!” e nem precisamos pensar projetos de vida a dois porque ele acontece naturalmente. Até que um dia, todo o processo de atração, sedução, paixão, blá, blá, blá, vai por água abaixo e em fração de segundos, tudo se acaba e como diz Roberto Carlos, aí sim vai tudo pro inferno, inclusive a gente.
Mas na realidade o que quero falar tem muito mais a ver com a música Terezinha, sabe aquela que diz o primeiro chegou de um jeito, o segundo pior e o terceiro...O terceiro gente! Ah, o terceiro, que chegou derrepente, não disse nada, não trouxe nada e se deu bem. Sim, porque no caso de idiotas, quem chega é que sempre ganha. E nesse caso muito.
O que eu não entendo e estou pagando para ver é alguém chegar para mim e dizer “Estou amando loucamente! Não a namorada do amigo meu, mas o terceiro!” “Que terceiro? Aquele da música Terezinha, sabe?” “Ah, tudo bem, nem todo mundo gosta dessas músicas mesmo”, “Mas o terceiro é especial, galhardo, culto, elegante, cheio de delicadezas e o mais importante, limpo. Gente, se encontrar uma pessoa assim já é difícil, imagine ele aparecer como quem chega do nada, vestido de duas asas angelicais, uma sunga da Kelvin Klaine bem apertadinha e um sorriso cândido. Um presente divino! E então, nos lembramos das promessas aos santos, as simpatias e nos certificamos, elas funcionam!
E as coisas começam a mudar na nossa vida de idiota, e a idiotice vai aumentando na medida em que achamos que somos felizes.
O que impede um autêntico idiota de ser feliz é a possibilidade de existirem outros tantos idiotas por aí a espera do terceiro e o problema maior é que esse terceiro é um só.

sábado, 11 de julho de 2009

RESTROPECTIVA


Eu estava relendo a pouco, alguns posts antigos aqui do blog e um de 27 de Novembro de 2007 me chamou muito a atenção pela sua atualidade. Parece que escrevi esse texto hoje. Logo eu que penso ser renovável a cada instante, estou praticamente o mesmo de um ano e nove meses atrás.

ILUSÃO

Interessante a capacidade do ser humano de se iludir com coisas tão pequenas. Ele cria imagens a partir de um único sorriso cândido e num singelo piscar de olhos vê um novo mundo transcendental.
Abre a mente para o abstrato, colorindo as estrelas, mudando o rumo das coisas que não existem no mundo real, construindo castelos de areia e se esvaindo do chão em que pisa. Incrível isso.
A todo momento faço promessas de que não deixarei espaços para a ilusão, porque penso estar preparado para enfrentar qualquer tipo de situação com equilibrio e racionalidade. Mera ilusão. Sou fraco! E como todos os fracos, me envolvo nas linhas imaginárias de quem levita e perde o controle de si. Fui derrubado! De novo!
Mas como habitualmente faço, me levanto e me recomponho, fazendo a rotineira promessa, que de tantas já não é considerada. Mesmo assim as faço e tento levar a vida um pouco melhor.
E assim caminhemos! Sem saber quem somos de fato e nos iludindo de que somos a cada dia melhores.

EU & ELA


Não resisti. Recorri a ela. Bem que fui forte porque consegui sobreviver sem sequer olhar para um dos seus livros. Acontece que de uma hora para a outra perdi o que ela chama de “inteligência emocional” e uma nuvem de supostos problemas existênciais me cobriram por inteiro e então não via nada além. As soluções, o pragmatismo, a vontade de dizer as coisas diretamente, sem rodeios, devaneios e meias palavras desapareceram e então fiquei sem o que ela chama de “auto – controle”, “auto-confiança”, não sei se com ou sem hífen, nem a língua portuguesa estou entendendo direito. E olha que ela é bem mais fácil do que a arte de viver sem problemas, como ela sugere.
Eu bem que tento viver modernamente, com pensamentos otimistas e visionários, mas como todo canceriano abobalhado, não consegue se desgrudar das morais, das memórias do passado, dos medos, e destas coisas demodé e nostálgica. Essas sensações emotivas ou emocionais me atrapalham muito na tentativa de ser uma pessoa pragmática, direta e objetiva.
Como me acho inteligente, penso que tudo é força de vontade, espiritualidade, equilibrio e um pouco de sorte. Bem, tudo isso é o que ela diz, então não é nada de novo para mim. Aprendi sozinho.
O problema maior dos meus problemas é justamente a insegurança em admitir para mim mesmo o que ela vive dizendo com propriedade nos consultórios de análise, psicoterapia e nos seus best-sellers. É como se eu soubesse por experiência fazer um bom prato e por insegurança, não abrir mão da receita ao lado, mesmo que eu nem dê atenção a ela.
Bom, para não prolongar mais essa chatice de texto, digo que o que me acontece ultimamente, a efervescência frenética, a prodigiosidade; me confunde, me assusta e me deixa inseguro. Por isso, não tive outro jeito, me rendi a ela. A AUTO-AJUDA.
Quando não há jeito que dê jeito, não tem jeito. Os pré e os conceitos, até mesmo a filosofia ocidental, se escondem na gaveta do armário e aí o jeito é recorrer a quem tá mais próximo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

DICA DE LEITURA: O FILHO ETERNO*


É desafiador para um escritor que se propõe a contar uma experiência pessoal num romance, deixar que sua influência biográfica não interfira na construção da obra, o que muitas vezes leva o autor – personagem a se destacar mais do que a própria história que ele queira contar.
Cristovão Tezza conseguiu vencer esse desafio ao escrever a sua experiência como pai de um filho que possuí síndrome de Down no romance “O Filho Eterno” ganhador de vários prêmios importantes, inclusive o Prêmio Jabuti de melhor romance 2008.
“Um filho é a ideia de um filho, uma mulher é a ideia de uma mulher” e mais adiante “ as vezes as coisas coincidem com a ideia que fazemos dela; às vezes não”. A partir deste aforismo escrito logo nas primeiras páginas do livro o narrador, que é um escritor frustrado, descreve com obssessão e originalidade a fatalidade que envolve o protagonista, no caso o Pai. O relato das dificuldades em aceitar um filho não idealizado, expondo as suas crueldades, suas emoções e desejos condenáveis de uma maneira pouco sentimental, negando qualquer culpa “pela soma errática de acasos e escolhas” , habilmente contrapondo terceira com a primeira pessoa deixa o leitor estremecido pela sua maturidade.
Muito elogiado pela crítica que já classifica o livro como uma pequena obra prima, o Filho Eterno está na sua segunda ediçãO.

O FILHO ETERNO
Autor: Cristovão Tezza
Editora: Ed. Record (tel. 0/xx/21/ 2585-2000)
Quanto: R$ 34 (224 págs.)

* Fiz este texto para o blog " De Olho em São Paulo", cujo link está ao lado direito, acesse.

sábado, 4 de julho de 2009

31 ANOS - SEMANA DE RETIRO CULTURAL OU ESPIRITUAL


Aproveitei a semana de comemoração ao meu trigésimo primeiro aniversário para me presentear com um retiro cultural pela cidade. Por ser um retiro que nesse caso, o Aurélio define como um " Tempo de recolhimento para exercícios espirituais", tive que fazer uma adaptação para "Tempo de se jogar para exercícios culturais". Então assisti alguns filmes, um deles está como dica no post abaixo, aproveitei para ver o show do Osvaldinho da Cuíca no CCJ, e foi divino ver a nata do Samba Caipira e do Samba Paulista reunidos para fazer a boa música paulistana. Frequentei por mais de uma vez a nova Livraria Cultura do Shopping Bourbon, onde comprei e já li o livro do Cristovão Tezza " O Filho Eterno", que logo postarei como dica de leitura como costumo fazer e enfim, me dediquei a conhecer novas músicas e tomar vinho. Foi uma semana bastante produtiva do ponto de vista cultural e também espiritual. Sim, porque a boa espiritualidade precisa de bons argumentos através da arte, da música, literatura e dos momentos de solidão criativa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A PARTIDA - O FILME


Tratar a morte como símbolo de vida é um desafio tão grande que muita gente prefere mantê-lo como um tabu a ser trancafiado em sete chaves. Mas o belíssimo filme japonês ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano e que está em cartaz em alguns cinemas alternativos da cidade de São Paulo é uma excessão. Ao retratar a história de um jovem violoncelista desempregado que começa a trabalhar como embalsamador de corpos na sua cidade natal emociona pela história bem amarrada e pela forma como é encarado essa obscuridade abstrata da vida.
E surpreende por mostrar o quanto de vida há nos rituais fúnebres e a singela ideia de que o último desejo de quem parte é ir bonito e sorridente. Apesar do triste ambiente melancólico e sentimental há espaços para algumas cenas que envolve humor e descontração no telespectador.
O filme merece ser aplaudido em pé porque nos põe a frente de uma sociedade japonesa capaz de condenar um trabalho que deveria ser tão comum a todos os vivos e nos ensina a reconhecer a morte não como o fim de uma vida, mas uma passagem para um outro estágio onde devemos chegar com elegância e alegria.
Para quem quiser assistir, ele está em cartaz no Espaço Unibanco de Cinema da Augusta, sala 5, com projeção digital às 21h20.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MICHAEL JACKSON SE IMORTALIZOU


Para todos os fãs ( me incluo nessa) do rei do pop Michael Jackson, a sua morte representa o envelhecimento da geração que tem mais de trinta anos. Não há quem tenha essa idade que não tenha se divertido ao som do popstar, que seja por uma canção ou por um video clipe ou nos joguinhos de videogame, Michael embalou muitos jovens com suas sofisticadas tendências musicais e com os vídeos que produzia.
Por isso será um ídolo eterno, como se eternizou também Elvis Presley. Sua imagem forte não é de fácil esquecimento e sua falta parece não ser real. Passara os anos, as novas gerações construirão seus novos popstars, mas Jackson será sempre uma referência na música mundial, tanto pela criatividade e ousadia das suas canções como pela figura estranha que foi.
Se Elvis não morreu, podemos dizer que Michael Jackson também não e estará sempre presente nos corações dos seus fãs e dos nem tantos também. Um ícone imortal.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

VLADIMIR MAYAKOVSKY


Vladimirovich Mayakovsky (Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский) (1893 - 1930) foi um dos poetas mais representativos do Futurismo Russo. Segue abaixo um belo poema de Eduardo Alves da Costa e o vídeo acima é um curta metragem em animação que o autor Rodrigo Jolee disponibilizou no youtube e que é baseado nele, merece ser visto.

NO CAMINHO COM MAIAKOVSKY

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

UMA FRASE

" UMA PEQUENA NÓDOA DESTRÓI UMA GRANDE ALVURA "

Machado de Assis.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SEM HOMOFOBIA, MAIS CIDADANIA E ISONOMIA DOS DIREITOS

A intolerância marcou o final da 13º Parada do Orgulho Gay em São Paulo. Foram mais de 50 pessoas agredidas, sendo uma delas fatal.
Marcelo Campos Barros de 35 anos, morreu ontem por conta de um traumatismo crâniano. Ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia desde domingo, depois de ser vítima de um espancamento.
Justamente na manifestação contra o fim da homofobia, a favor da cidadania e da isonomia dos direitos e contra a obstrução da tramitação no Senado Federal do PLC 122/2006 que criminaliza a homofobia, as cenas que se seguiram após a Parada demonstraram que a violência e a discriminação em função da diversidade sexual não respeita sequer a democracia institucional de reivindicar e protestar.
Oxalá que esse fato lamentável chame a atenção da sociedade civil e do legislativo brasileiro para a necessidade da igualdade de direitos. A começar pela criminalização da discriminação ou preconceito de gênero, sexo,orientação sexual e identidade de gênero, conforme reivindica o movimento LGBT, incluindo-os na lei 7.716/89 que já torna crime o preconceito de raça, cor e nacionalidade.
No próximo sábado dia 20 a Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), junto com o grupo Corsa, o Fórum Paulista LGBT e ativistas independentes realizarão uma manifestação contra a homofobia a partir das 19 horas, na avenida Dr. Vieira de Carvalho.

Segue abaixo a nota oficial que a APOGLBT divulgou nessa semana:

Considerando as manifestações homofóbicas ocorridas em locais de freqüência de LGBT após a realização da XIII Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo vem a público manifestar sua indignação e esclarecer que:

a. Como entidade organizadora da Parada, a Associação da Parada trabalha em parceria com a Polícia Civil e Militar para evitar situações de violência e desrespeito à legislação vigente, o que sempre fez da Parada uma atividade pacífica e com baixos índices de ocorrências relativamente às proporções da manifestação;

b. Como entidade ativista pelos direitos LGBT, a Associação da Parada considera que os atos marcadamente homofóbicos que ocorreram após o evento, como o espancamento na rua Frei Caneca e o arremesso de uma bomba de um condomínio na Avenida Dr. Vieira de Carvalho, são expressões da homofobia a que estão submetidos cotidianamente LGBT na cidade de São Paulo e no Brasil. Pesquisas como a recentemente divulgada pela Fundação Perseu Abramo trazem dados que revelam um país marcadamente homofóbico (na pesquisa divulgada pela FPA, 92% de entrevistados em 150 municípios espalhados pelo país reconheceram que existe preconceito contra LGBT e cerca de 28% reconheceram e declararam seu preconceito);

c. Consideramos, ainda, que os casos ocorridos se revestem de especial gravidade, sobretudo pelo significado que adquirem ao atingir integrantes de uma comunidade altamente estigmatizada e violada em seus direitos no dia em que se manifesta em favor do reconhecimento desses direitos;

d. Assim sendo, reiteramos nosso clamor, expresso também por via de Ofício encaminhado pela Associação da Parada, para que a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo atue com afinco e rigor na apuração dos fatos e na punição dos autores de tais atos de violência;

e. Conclamamos, junto a outros grupos LGBT, entidades da sociedade civil da cidade e do estado de São Paulo, ativistas independentes, a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e a população solidária a comparecer à manifestação “Homofobia, Basta! Justiça, já!”, que ocorrerá no próximo sábado 20 de junho, na Av. Dr. Vieira de Carvalho, a partir das 19 horas.

Diretoria da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo.

São Paulo, 16 de junho de 2009.

domingo, 24 de maio de 2009

MEU AMOR PELA AVENIDA PAULISTA


Hoje resolvi contar uma história que tirei do armário da memória e que tenho como uma grande aventura da minha adolescência.
Não sei bem quantos anos eu tinha, mas deve ter sido pelos quatorze de idade, decidi que conheceria a Avenida Paulista.
Um dia, quando eu era apenas um menino, meu pai me mostrou pela janela do ônibus, apontando com o dedo o horizonte, algumas torres iluminadas que ficavam numa sequencia, uma ao lado da outra, algumas mais altas, outra nem tantas, mas todas muito encantadoras pela beleza ordenada dos piscas metálicos das antenas que brilhavam a noite.
São como grandes arvores de natal montadas fora de época. Para aumentar minha curiosidade e interesse, uma novela da época tinha a Paulista como cenário, aumentando o meu fascínio por ela.
Passei a estudar a avenida mais importânte da cidade. O cartão postal, a mais poderosa, a mais elegante e até então a mais distante.
Até que uma certa vez, tomei coragem e decidi que iria conhecer a avenida Paulista naquele dia. Me aprontei como se fosse para a escola, peguei o material e sai. Não contei para ninguém, apenas fui ao ponto de ônibus que passava por ela, pedi gentilmente ao cobrador que me deixasse passar por baixo da catraca, o que não foi difícil apesar da minha efêmera vergonha. E sem escolher muito, me sentei na primeiro banco livre que vi, ao lado do meu primo que me perguntou o que eu fazia naquele ônibus com uma mochila nas costas e no horário de aula.
Tremi e processei uma mentira rápida para me justificar, talvez eu tenha dito que ia procurar um emprego, mas sei que não o enganei. No entanto, ele foi muito meu amigo e acabou me revelando que trabalhava por aqueles lados e me levaria para conhecer a avenida Paulista.
Fui feliz durante a viagem, mas meu coração abalou mesmo quando o ônibus desceu o chamado buraco da Paulista e entrou na majestosa avenida, cheia de prédios modernos e monumentais. As pessoas, o trânsito, os camelôs, as vitrines, os faróis, tudo era lindo.
Meu primo foi para o trabalho e eu não me cansei de ir a pé sentido Paraíso e voltar para a Consolação, fazendo uma rápida parada no vão do Masp para entender aquela arquitetura.
Foi uma grande aventura para mim que pouco saia do bairro onde morava e moro até hoje e a trilha sonora que marcou ela foi Strangelove do Depeche Mode, que era um grande hits na época e até hoje, acho ela a cara da avenida Paulista, mais até do a música Paulista do Eduardo Gudim, que eu também adoro e me faz lembrar um outro momento da minha relação com a avenidade, essa quando nós já eramos intimos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

FANTASIAS & FANTASIA

Fantasias
Fantasias
Que bobagem
Fantasia
Deixa
Fantasia
Bobagem
Bobagem
Fantasia.
Idiota
Fantasia
Besta
Fantasia
Onde
Sou
O
Palhaço!
Fantasia
Fantasias.

LUIZINHO BRITO

sexta-feira, 1 de maio de 2009

FETICHE

Me inspirei para falar sobre fetiches. Nunca tinha parado para pensar que somos tomados por fetiches que se dIsfarçam em meros desejos secundários, mas que em determinados momentos nos tomam como fogo e então, ficamos inebriados por uma sensação quente de quem quer realizar aventuras loucas, correr riscos e ter o ápice do prazer proibido.
Sugiro que se crie o dia do fetiche onde todos eles, de todo mundo, se realizem sem pudores, julgamentos ou falsos moralismo.
Creio ser interessante vermos um mundo "fetichado", que na minha sutil avaliação, bastante superficial, se transforma na verdade do homem. Nos instintos sexuais obscuros, nas profanas fantasias libidinosas das mulheres e no escárnio.
É uma verdadeira bobagem isso que escrevi, mas tive muita vontade de faze-lo e fiz, pensando num fetiche.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

OS MELHORES AMIGOS DAS NOSSAS VIDAS


Ontem acordei depressivo e não sabia qual o motivo desse estado de espírito. Nem sei ao certo se é estado de espírito ou emocional, mas para mim, esses dois estados coexistem e interagem entre si.
Fiquei a manhã toda envolto numa indisposição que a tempos não sentia, ouvindo as musicas mais tristes possíveis e até com uma pontinha de negatividade quanto a vida e a felicidade. Tava mais pra lá do que pra cá, se é que me entendem os caros leitores.
Me queixei apenas para dois grandes amigos, ou então, aos dois melhores amigos do momento.
Eu digo do momento, porque outros amigos já passaram em minha vida e naqueles momentos foram os melhores.
Os melhores amigos são aqueles que nos acompanham no nosso cotidiano, compartilham das nossas alegrias, tristezas, frustrações, desejos e intimidades.Muito entendem do que somos e pouco opinam. Modestia parte, eu também me preocupo muito mais em compreender meus amigos do que opinar sobre o que é certo ou errado. Sou companheiro e os amigos me retribuem com o companheirismo deles, assim somos os melhores amigos.
E como não sou de poucos amigos, tive melhores amigos em várias situações da vida. Amigos que atualmente nos vemos com pouca frequencia, mas que mantem a mesma fidelidade de antes. Certamente, eles estão com outros melhores amigos, assim como eu.
A vida é feita de fases, momentos, situações. E para cada uma delas, temos aquelas pessoas especiais que nos acompanham e compartilham durante a jornada. O bom é que a verdadeira amizade não se desfaz como líquido. Ela é sólida como pedra, mesmo que estejam em lugares distantes, ainda assim, permanecem na nossa vida.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O VELHO

Estou velho na idade.
Me passaram décadas e eu sequer percebi
o peso das costas cansadas diante da minha alegria em viver
Vivo o sonho, como qualquer criança.
Concretizo minhas travessuras.
Revivo a nostalgia de um tempo
Como agora faço.
E assisto minha vida pela tela da memória.
Lento, suave, triste e alegre ao mesmo tempo. Um belo drama!
Acordo com meus olhos nas rugas das mãos que apoia a bengala.
Sorrio em frente o espelho como um matusalém
As dores reumáticas me alertam de que vivo
Paro. Ouço atentamente uma música do meu tempo de menino
Eu me sentava na beirada da cama pra sonhar com o futuro
Ingênuamente a mente me enchia de cenários felizes.
E hoje, apoiado nessa bengala, sou um velho.
Feliz por ser e viver.
Como nunca imaginei antes.
O passado de hoje foi ontem o meu futuro ,
Que hoje celebra comigo a delícia do presente.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A MODA DO TEXTO

Eu não acredito em coincidências, mas admito que por várias vezes fui obrigado a aceitá-las. Eu ia escrever um texto sobre uma coincidência, mas me lembrei que tenho uma vontade enorme de ficar famoso pelos meus escritos. Sempre admirei os diálogos muito bem elaborados dos seriados de tv, os livros que falam da contemporaneidade e das coisas da moda. Até achei que não seria muito difícil fazer isso porque tudo está na moda. É o retrô, o metrô, o vovô, enfim... Tudo é moda.
Quero ficar na moda também! Aparecer nas colunas sociais, lançar livros na livraria Cultura, ser entrevistado por outros famosos. Quem sabe até ganhar uma coluna no jornal, Caderno 2 ou no Ilustrada e escrever bobagens por falta do que dizer, que ainda assim terei o respeito das pessoas. Falaria piadas nas rádios jornalísticas pra alegrar os engarrafados no trânsito da avenida Pompéia. Píadas inteligentes é claro, dessas que brincam com as próprias desgraças.
Ser um intelectual da mídia, como aquele cineasta que fala de tudo menos de cinema e pelo que já ouvi falar dele, parece que fez um único filme sem sucesso e a crítica sentou a lenha, ou seja, meteu o pau, chamou de ruim mesmo! No meu caso, eu falo de cinema, estou sempre antenado no que acontece no mundo. Mas enfim... Um dia chego lá!
Será que a moda é ser intelectual ou é intelectual ficar na moda? Para me preparar melhor, fiz assinaturas de várias revistas da moda, tipo, Caras, Coros, Coroas e Criativas, pra ler o que os intelectuais estão pensando. E não é que já estou quase pensando igual a eles gente?

Das coincidências não me lembro mais porque me dediquei a escrever esse texto, para ver se ele entra na categoria dos escritos da moda, que não fazem sentido nenhum, mas que prendem a atenção de quem o lê e ajuda a passar o tempo.

sábado, 21 de março de 2009

A SOCIEDADE LÍQUIDA


Eu analisava a pouco as relações humanas que estabelecemos nas nossas vidas, sejam através de amigos, parceiros amorosos, família, colegas de trabalho e pessoas que conhecemos no cotidiano.
Observei que durante um único dia, somos levados a interagir com uma diversidade de pessoas que muitas vezes no final, sequer lembramos quem foram.
Eu falo dos funcionários dos supermercados, padarias, cobradores e motoristas de ônibus, as pessoas que se sentam do nosso lado no metro. Os seguranças, vigias, porteiros, e por aí vai as enumerações.
Passamos por elas com indiferença e somos tratados também com a mesma indiferença. E a sensação é de que estamos sempre solitários, mesmo quando estamos cercado de gente. É como almoçarmos sozinhos num restaurante lotado.
Abolimos a cordialidade e hospitalidade, se é bem verdade, já tivemos algumas dessas características. Mas enfim, durante o meu pensamento, me lembrei de Zigmunt Bauman e o seu livro "O Medo Líquido" que retrata um pouco dessa individualidade que ostentamos orgulhosamente.
Me parece, numa visão bem particular, que a sociedade está ficando cada vez mais líquida. E isso já está afetando nossos circulos mais próximos, como o das amizades, por exemplo.
As pessoas passam por nossa vida com uma intensidade tão grande quanto efêmera.

terça-feira, 17 de março de 2009

VALE A PENA LER DE NOVO!


COMO GELO NO UISQUE

Cai em você
Como gelo no uisque
Se desfazendo levemente
Pra amenizar teu amargo


Me desfragmentei.
Borbulhas em ebulição
Pelo ardor do teu líquido
Cor de desejo

Embebedado, fluido pelo álcool
ingênuo, inocente e vingativo
me dissolvi lentamente
Banho caloroso e intenso.
Reduzi pra te aumentar
Pouco me importei, fui o gelo

Não seria o único, outros gelos viriam
Você como o uísque comprazer e eu o gelo
Frio, fugaz e fraco que se desmancha em bolhas
Para transformar o fel em leveza adocicada

Derretido, misturado, indiferente
No sabor machista prevalecido da sua cor
Eu fui apenas o gelo.


LUIZINHO BRITO

segunda-feira, 16 de março de 2009

DICA DE VÍDEO: "YESTERDAY, WHEN I WAS YOUNG"


Nesse fim de semana, me dediquei a ver alguns vídeos que ainda não conhecia. Tive surpresas agradáveis, como a descoberta da música "Yesterday When I was young". Um clássico de Elvis Presley e que já foi cantada por vários interpretes de peso. Uma viagem musical que nos faz rever algumas situações do passado e a divagar sobre as coisas que deixamos pelo caminho no decorrer da vida.
Eu brindo os meus queridos leitores com algumas versões dela na já tradicional sessão de vídeos que está logo acima desse post.
Dou destaque pela magnífica interpretação de Shirley Bassey que soube com precisão e elegância esgotar toda a sensibilidade extraída dessa canção.

segunda-feira, 9 de março de 2009

SER SOLITÁRIO É PRECISO


Sou de muitos amigos.De todas as tribos, de todos os estilos e idades. Gosto muito de ouví-los, sempre há o que aprender com as experiências, as opiniões, as maneiras e até as manias deles. São muitos.
Cada qual com sua personalidade, mas todos muito valorosos. É claro que algumas vezes nos aborrecemos com uma ou outra atitude. O importante é saber que as pessoas estão muito acima de suas atitudes e ações precipitadas. E é o que valorizo nelas.
Eles também me dizem que sou uma boa companhia e até acho que seja mesmo, porque aprecio sempre uma boa conversa, recheada de conteúdos e bom humor. Filosofar então, é um hobbe indispensável.
Mas desde quando eu ainda era pequeno, sempre tive uma necessidade enorme de me isolar do mundo e dos amigos. Não porque se tornam desinteressantes, muito pelo contrário. Mas a minha busca de compreensão para o mundo. No caso, o meu mundo interior, me exige o silêncio, a leitura, a solidão. Uma solidão gostosa.
É nesse espaço de isolamento que cresço mais, porque me avalio, garimpo respostas, entendo os amigos e perdoo os inimigos. Embora eles sejam poucos e efêmeros.
Eu gosto de ser solitário, curtir cada minuto da minha vida, me interiozar e pensar nas coisas da vida.
É um isolamento interessante, até porque eu não fico preso dentro de casa. Gosto de ficar na rua observando as pessoas que passam, os carros, os animais e todas elas me inspiram a pensar na vida. Fico por horas sozinho, acompanhado de um mp3, ouvindo as músicas que são um paradoxo com a realidade vista, mas que me traz uma paz de espírito.