domingo, 16 de agosto de 2015

Um bom domingo sem graça.

Hoje é um domingo ensolarado em que eu acordei um pouco mais cedo do que o habitual. Não que tivesse algo importante para fazer, até mesmo porque,não acho domingos interessantes. São monótonos e sem graça, mesmo quando temos algo programado, são programas dominicais. O que diferencia este dos outros é a manifestação patética de milhares de idiotas que vão ocupar o seu banal domingo para fazer selfs em avenidas importantes do país, gritando palavras de ordem vazias e desconectas da realidade, ou então, palavras de ódio e de desrespeito aos seus supostos inimigos. Sou defensor das manifestações populares, pois participei de muitas ao longo dos meus anos. Mas todas tinham um foco e eram politizadas. Eram protestos temáticos, bem organizados e com reivindicações plausíveis. Nada de querer fazer barulho ou baderna a revelia. Amanhã será o dia de abrirmos os jornais e ver o nível dos protestantes de hoje. Serão aqueles que nunca leram um artigo na vida que não seja sobre qualidade de vida, televisão ou coisa do tipo. Discursos reacionarios e imbecis. Por isso que eu vou apreciar a monotonia do meu domingo em casa, sem sequer acompanhar todas essas palhaçadas. Um domingo sem graça é mais interessante as vezes.

domingo, 14 de junho de 2015

Poeta J. G. De Araújo Jorge ***************************************** " Canto Do Poeta Menor " Sou o poeta menor, o trovador humilde, que nasceu nesse Brasil grande, numa vila sem nome, em meio às árvores, aos pássaros, aos rios e jacarés porque o resto não há. Não me recebem. Estão sempre em reunião importante. Estou na rua, com o povo, que "a praça é do povo como o céu é do condor", já cantou o grande Poeta. Não trago quatrocentos anos na sacola, não sou de ferro, não sou de bronze, não desci orgulhoso da alta montanha falando como Zaratustra, - sou um poeta, de barro, como qualquer homem... Não cheguei de Ita, com alma palaciana, disposto a conquistar a grande capital, não invadi os jornais e suplementos construindo "igrejinhas" sem fieis. Sou o poeta menor, o poeta humilde, sem história, que nasceu nesse Brasil grande, numa vila sem nome, pra lá, muito pra lá... - a vila de Tarauacá. Poeta sem brasão, sem orgulhos, sem rodinhas, apátrida entre irmãos, poeta nú e sozinho, com sua poesia, pelos quatro cantos de sua terra misturado com o povo. Sou o poeta antigabinete ministerial sem rondós e sem falsas luxúrias, não sou amigo dos reis, sou simplesmente o poeta da rua, como um violeiro e sua viola, como um cego e seu realejo... Quando toca a minha poesia a criançada vem correndo para ouvir, os trabalhadores param o serviço e comentam, as empregadas e os transeuntes fazem roda. as moças se debruçam nas janelas e ficam cantarolando. Sou o poeta menor. Não me recebem. Estão sempre em reunião importante. Não faz mal. De mãos dadas com o povo, como em noite de lua faço ciranda na rua. (Poema de JG de Araujo Jorge - do livro " Cantiga do Só " 2a edição 1968 )

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Dica de Leitura: Blog Bjs não me liga

Por um acaso vi esse texto como indicação feita por um amigo do facebook. Gostei tanto que resolvi postar aqui neste espaço para que outros possam ler. Ele retrata com certo humor mas com bastante verdade alguns dos estigmas pelos quais os homossexuais têm enfrentado no seu cotidiano. http://www.bjsnaomeliga.com.br/por-que-os-gays-nao-namoram/
Por que os gays não namoram? ágora tags: atitude andy rocka Se você foi atraído aqui pelo título, provavelmente você também deve se fazer essa pergunta constantemente. Afinal, por que será que os homossexuais estão sempre solteiros, se pegando, namorando e terminando em tempo record, amando e desamando na velocidade da luz? Acredite, há muito mais aí do que as rasas suposições que voce possa fazer consigo mesmo. E é por isso mesmo que eu reuni aqui algumas boas teorias que apontam para as razões possíveis para responder à pergunta do título deste texto. Vamos à elas? Teoria 1 – Construção familiar Vamos ser honestos, a época dos grandes pensadores gregos talvez tenha sido a única em que os gays eram considerados bem vistos, representava um elevado nível social, de status, inteligência etc. Desde então, esta classe social foi colocada à margem da sociedade, principalmente com a chegada da Igreja. Este pequeno aparado histórico denota que, desde quando você se entende por gente, o mundo é formado por bases heterossexuais. Toda sua árvore genealógica é constituida por casais heterossexuais. Ou seja, para os heteros é fácil se espelhar em seus pais para ter uma visão do seu futuro. Mas e os gays? Onde estão os espelhos sociais? Infelizmente, não há para onde olhar. Os gays se vêem perdidos em uma constituição familiar e, portanto, não criam expectativas para tal. Não há o desejo intrínseco de continuar com a árvore genealógica, uma vez que ela não existe mais na forma que sempre existiu. Assim, o desejo latente de ter um núcleo familiar se torna vago e falho, afrouxando os laços de um vínculo emocional com um parceiro. Teoria 2 – Cultura de gueto Nos últimos cem anos, para pincelar de leve o cenário real, a homossexualidade era apontada como doença, como uma enfermidade social. Por isso, os indivíduos homossexuais viviam escondidos, uniam-se nos cantos mais afastados das grandes cidades, em guetos. Era a única forma de conseguir viver de fato, e não de aparências. Beijar em público, andar de mãos dadas, assumir namoro, pensar num futuro juntos? Jamais, nem em sonho. Foi nesta ocasião que surgiu dois estigmas do mundo gay. A) Todos gays têm dinheiro: para conseguir sobreviver, os indivíduos homossexuais precisavam se sobressair de alguma forma, para não ser excluído. Foi então que eles batalharam por uma vida melhor, trabalharam e conquistaram seu espaço financeiro (obviamente, sem assumir sua condição sexual). B) Todos gays são promíscuos: se eles não podiam ter um parceiro fixo, porque isso poderia maldizê-los na sociedade, a solução era manter múltiplos parceiros, sem apego afetivo. Se durante a semana eles tinham que dar duro para conseguir manter a pose heterossexual, sobressair-se aos demais, aos finais de semana eles poderiam se refugiar nos guetos para se desvincular do papel social que tinham que adotar. E o estresse era canalizado, obviamente, no sexo. Todos entraram em um comum acordo de que o sexo era a fonte de prazer mais fácil e rápida, e que levaria ao relaxamento instantâneo. E, claro, os anos se passaram e tanto A como B desapareceram. Mas, como o nome da teoria diz, tornou-se uma cultura. Os novos gays, de 1990 para cá, que não nasceram sob a luz dos estigmas A e B, mantiveram estas chamas acesas. Todos mantêm as aparências financeiras, o bom gosto para música, moda, estilo de vida, enquanto que, na verdade, grande parcela dos homossexuais não tem onde cair duro. E isso eu mostrarei na Teoria 3. E o sexo casual continua como uma marca forte. Graças ao estigma B, os homossexuais criaram cinemas voltados ao sexo, saunas para sexo, sites para sexo, parques, banheiros de shoppings, estacionamentos, enfim, tudo virou um grande centro obscuro de orgia. Tudo, obviamente, mascarado. Como se atualmente fosse necessário. Como se atualmente vivêssemos sob a repressão dos anos passados. O preconceito é alimentado pelos próprios homossexuais, enquanto a sociedade, em doses homeopáticas, tenta se desvincular desta cultura homofóbica (vide novelas, seriados, cenário musical etc). Concluindo, esta cultura inconsciente mantém os homossexuais presos aos guetos, a uma falsa luta pelos seus direitos, a uma militância que pouco existe. A uma condição de vítima que desaparece cada vez mais. Eles se mantém nesta inércia, em que relacionamentos afetivos e laços vindouros estão completamente jogados ao escanteio. E que o sexo, e as aparências, importam mais do que construções familiares. Teoria 3 – Estrutura básica Esta teoria é forte em grande parte do mundo, embora na Europa ela praticamente seja inválida. Estou falando dos direitos civis mais simples, como casar e ter filhos. Se nem a Justiça trata os homossexuais como iguais, imagina então o resto de nós. Como é que os gays vão constituir uma família, se eles não estão assegurados pela constituição? Isso é um absurdo! Fora isso, absurdo maior é quando a própria instituição familiar vira as costas para os homossexuais. Quando pai e mãe expulsa o filho, ou a filha, de casa por este ser homossexuais. Quando os pais não apóiam, criticam, humilham os filhos por sua simples orientação sexual. Então, eles são forçados a amadurecer precocemente. Os gays que são enxotados de suas casas precisam se virar. Os gays que não tem apoio do pai para ir a escola, trabalhar, etc, precisa encontrar consigo mesmo as forças para se manter vivo. E é difícil. Muitos caem nas drogas, na prostituição, no suicídio e, por fatores como estes, os laços afetivos tornam-se utopias. Estes gays recusados pela família e pela Constituição precisam correr contra o tempo. Conseguir um emprego, que geralmente é um sub-emprego, alugar uma casa, sustentar seus vícios e suas necessidades e, mais que tudo, dar-se alguma qualidade de vida. É o que todo mundo busca, não? E, no meio de tudo isso, você acha que há cabeça para namoro? Teoria 4 – Mundo de possibilidades Como foi dito na Teoria 2, a cultura de gueto fez com que surgissem centros obscuros de orgia. Quase todos são adeptos. Temos então uma desenfreada chuva de oportunidades. Veja, um homossexual que namora se defronta, constantemente, com outras possibilidades. E, neste mundo de aparências, onde todos os gays precisam ser melhor que o próximo, o culto ao corpo, a um falso intelecto, se firma como lei primária. Inteligentes, educados, cultos, lindos, musculosos, lisos, são algumas das características básicas para ser um bom gay. Com esta oferta de mercado, fica complicado para os próprios homossexuais se escolherem entre si. E eles não enxergam que tudo isso não passa de aparência porque eles não olham nem para si mesmos, quiçá para o outro. Estão afogados nesta cultura. Veja, então, como funciona: Argumento 1: “para que eu vou superar uma crise no relacionamento se, em um clique, uma ida ao shopping, à balada, à sauna, eu posso encontrar alguém melhor que meu namorado, dando sopa, desejando-me mais do que meu próprio parceiro?” Argumento 2: “para que eu vou buscar soluções para superar os problemas no meu namoro, se eu sou muito maior que isso, tenho minha independência, meu dinheiro, meu bom gosto, meu supercorpo, se tenho potencial para encontrar alguém melhor que ele?” Argumento 3: “para que eu vou dar tudo de mim neste relacionamento, se eu não poderei nunca me casar, se não terei meus direitos garantidos caso meu parceiro queira se separar, ou venha a falecer. Se nunca poderemos adotar um filho, sermos uma família?” Dessas argumentações, surgem as traições, os rompimentos, a carência exacerbada, todo mundo se pegando, todo mundo se amando, todo mundo se deixando e, no final das contas, todo mundo sozinho. Existe uma solução? Você deve estar pensando que eu sou a pessoa mais desiludida quanto aos relacionamentos gays. Sou e não sou. Eu acredito que haja alternativas, que tenha sim, uma solução. Ufa! E, acreditem, eu acho que a solução é mais simples do que possa parecer. O primeiro passo, e o mais básico, o mais importante, é o homossexuais se ver dentro de uma destas teorias, para que ele possa compreender o porquê dos seus relacionamentos estarem dando errado. Óbvio, só conseguimos superar um problemas se nós sabermos qual ele é, certo? Percepção. Os gays precisam de percepção. Claro que as teorias generalizam, e toda generalização é burra. A individualidade de cada um pode ser, na verdade, o motivo crucial para que o gay, ou o heterossexual, não consiga estabelecer um relacionamento com alguém. Somos o conjunto de subjetividade e socialidade (ui). Nenhuma dessas vertentes pode ser excluída. As teorias podem ajudar os homossexuais enxergarem a si mesmos e aos outros, e acordar desta ilusão em que estão metidos. A lutar verdadeiramente por seus direitos, e não se reunirem em uma data qualquer de Junho para colocarem sua melhor roupa e beijar todo mundo na Avenida Paulista. Nascemos todos para sermos felizes e, todos, sem excessões, buscam o amor. Só precisamos tomar o caminho certo. Bom namoro!

domingo, 4 de janeiro de 2015

SOBRE 2014

Aproveito o 1º post de 2015 para fazer uma reflexão e um breve balanço do ano que acabou. Eu bem poderia ter feito nos últimos dias de dezembro, mas num acho muito apropriado fazer essas coisas antes do último minuto. Faz muito tempo que não escrevo nada de relevante ou que cause ao menos sensações prazerosas, as crônicas tem sido cada vez mais escassas. Isso não é porque eu não tenha tido assuntos. Eles sempre brotam como capim. Acontece que me faltava a solidão. Ela é alimento do meu pensar e eu tive que viver cercado de pessoas a todos os instantes
no ano passado. Ossos do ofício. Eu ia dizer que não tive um ano muito bom e me queixar pelas milhares de coisas que deixei de fazer, de tantas outras das quais fui imprudente e por fatos e pessoas que eu deveria ter evitado. Mas num súbito, mudei de ideia e resolvi falar apenas de coisas que marcaram minha caminhada nesse período de 2014. Tive um início de ano fenomenal de pura paixão. E ela bem que perdurou até recentemente. No trabalho fui bastante aquém do que eu poderia ter realizado, mas dentro do que foi possível não desapontei. Dos amigos eles continuam ai, dos inimigos aumentou um pouco,confesso. Mas eles são resultados das minhas atitudes, então não reclamo. Fui bastante coletivista, comprei brigas que muitas vezes me deixaram uma com dívidas pessoais enormes, fui traído também. Acreditei em pessoas e projetos que na sua maioria não me incluía. Um verdadeiro idiota eu fui. Porém, não me arrependo dessas coisas porque me fizeram crescer e me valorizar mais. Para esse ano eu já estou noutras perspectivas. Muito mais egoístas, egocentristas, individualistas e por isso muito mais ambiciosos. Não tenho vergonha de dizer, até o ano passado eu vivi para os outros, então creio que minha cota de ajuda coletiva já foi preenchida e eu estou ficando cada dia mais velho e preciso tomar um rumo para o meus anos futuros. As pessoas pensam assim, eu que custei a aceitar. Minhas convicções ideologicas, minhas filosofias não mudarão, mas minhas ações nem sempre estarão alinhadas a elas, porque elas não fazem parte deste mundo cruel e eu acabo de entrar nessa crueldade. Devo passar por várias situações adversas neste novo ano, mas enfrentarei ela como um verdadeiro ser deste mundo, cruel.