quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

UM FELIZ NATAL A TODOS!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

ALUCINAÇÃO

Sonhei que duas bandas de rock in roll que fizeram grande sucesso nos anos 80 se apresentavam numa espécie de casasão antigo, onde o número excessivo de pessoas fazia aumentar o calor. Era um espaço dedicado a samba e pagode, mas as bandas eram Skid Row e Guns n' Rose e eles tocavam a bossa nova de Jobim.
Naquele instante eu queria ouvir alguma coisa mais alegre, mas achei interessante aqueles cabeludos fazendo um som puro e tranquilo, com letras serenas. Percebi que eles envelheceram e até os cabelos loiros, longos e mal tratados, estavam descolorindo, ganhando uma tez esbranquecida.
Passei a pensar no que houve. Dois grandes grupos barulhentos que com o tempo resolveram mudar seus estilos musicais, ou seria apenas uma homenagem aos 50 anos do gênero musical ue se consagrou como o verdadeiro som brasileiro pelo mundo afora?
Eu bebia cerveja e com muita estranheza me entregava aquele momento ao som sofisticado das batidas do violão, da pureza do piano e a nada convencional leveza da bateria num ritmo único sem grandes evoluções. Me agradava aquilo tudo, mesmo que fossem Skid Row e Guns N´Rose.
Não era a belíssima November Rain, mas a doçura de Avião que me fazia bem naquele momento. As pessoas que compunham a platéia também gostavam do show. Muito mais familiarizados com o show do que eu que me sentia um estranho no ninho.
Foi então que percebi que eu envelheci e meus idolos também envelheceram. Mas não foi um envelhecer no sentido ruim da palavra, mas sim, no sentido de apurarmos cada vez mais nossos conhecimentos e nossos gostos. É a evolução e não a revolução de outrora.
A tendência de buscarmos o aprimoramento naquilo que fazemos e a disposição que temos de nos adaptar a mudança dos tempos e ele é infinito.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A MORTE DE CADA MINUTO

Dias desses eu estava pensando numa frase que hoje voltei a lembrar. A escritora Clarisse Lispector certa vez disse numa entrevista o seguinte, "Eu morro. Toda vez que não escrevo, eu morro. E hoje estou morta!". Eu nunca mais esqueci essa cena e essas frases.
Comecei a perceber, diante das palavras proferidas pela escritora, que eu morro a cada dia por deixar de fazer o que quero, de atender as minhas vontades, minhas luxúrias, saberes, minhas honrarias dignas e até as minhas vaidades. Como eu morro quando não sou capaz de me identificar com aqueles que se assemelham tanto a mim. É, essas são frases que nem sempre fazem tanto sentido como deveriam, mas nos joga na fogueira do pensamento ou dos pensamentos em busca de diáfanas explicações mundanas.
Mas para os que bem sabem da morte e não se deixam levar pelo seu sentido de perda, o nascer é que acaba se tornando o grande mistério.
Uma fonte de onde se brota a cada momento uma nova vida e é de vida que vivemos e talvez eu conclua, diante desse pensamento nem tão organizado como se pretendia, que se eu morro a cada instante em que não consigo me realizar é porque a cada instante existe um nascer cheio de vida querendo me tomar e que pela perfeição universal eu sou limitado, ou seja, pouco espaço para muito mundo. Então, para que um novo mundo me entre, com seus mistérios e saberes, devo me admitir a morrer. Sempre!

SÓ ME FALTA SER EU - UM PENSAMENTO PERDIDO

Dizer o que pensamos a respeito de nós mesmos nem sempre é tarefa fácil. Já fui surpreendido por diversas vezes em situações em que teria de me revelar aos outros. E cada vez que eu pretendia falar de mim, aquelas coisas básicas do tipo "gosto de", "já fiz tal coisa" "tenho vontade de", enfim, sempre somos incitados a nos revelar para outras pessoas, como se existisse uma disputa velada entre os seres no sentido de sempre se mostrarem melhores. Acho normal e saudável até certo ponto esse tipo de troca de experiências.
Mas voltando a mim, cada vez que vou falar de mim, acabo me redescobrindo pelas coisas que deixei de fazer, seja por nunca antes ter pensado ou por algum motivo esquecido.
Não sei se sou egocentrísta, mas quando perguntam sobre mim e sobre as coisas que supostamente já fiz de interessante, sinto vontade de dizer que fui Clarisse Lispector num momento da vida e hoje ainda sou um pouco, que noutra hora fui Paulo Machado de Carvalho, Cazuza, Jorge Amado, Billie Holliday, Maysa, eu já fui de todos os meus ídolos um pouco. Só me falta ser eu mesmo. Pois ainda não me descobri por completo.