terça-feira, 1 de março de 2011

QUANDO O DIA E A HORA CERTA ACABA EM MACARRONADA




Ontem a noite eu esperava desfrutar de uma delíciosa noite de sexo. Eu ansiava o prazer que há algum tempo desconhecia por falta de um outro lado. Acordei já extasiado com a possibilidade do dia acabar e a noite chegar. Fiz planos, procurei receitas, preparei o melhor charuto e o vinho tinto envelhecido não muito encorpado para não amargar os desejos e com um forte aroma de uva para estimular a tentação.
Algo me fazia sentir que ontem seria uma noite prazerosa, não sei se por conta das insinuações, da sede ou então das fantasias. Havia um ar de gozo no olhar, no movimento dos lábios carnudos ao me dizer coisas que mal posso lembrar agora e nos gestos que mesmo ao simples esfregar das mãos me dava a sensação de assédio libidinoso.
E como nem tudo acontece na hora em que deveria, decidi em esperar por mais um dia, afinal de contas, vinte e quatro horas não é tanto tempo para quem vive na secura a mais de um mês. Se compararmos aos efeitos do aquecimento global, tem regiões que ficam a muito mais tempo sem saber o que é chuva.
Como eu estava a tanto tempo, para não correr o risco de sofrer um temporal avassalador, repentino e rápido como as chuvas do mês de março, preferi romantizar o momento, para que ele fosse igual uma garoa permanente como aquelas dos dias chuvosos de inverno.
Mas eu percebi na noite de ontem que se nem tudo acontece na hora em que deveria, também não se deve planejar a hora certa para as coisas que não tem hora.
Então, para amenizar meu tédio e minha frustração, ontem a noite ao invés de ir para o banheiro fantasiar sozinho como quem se castiga por ser idiota, mudei o rumo e fui para a cozinha. Lá sim pude desfrutar do prazer de fumar o charuto e o vinho que eu havia reservado para dois, pedi para Chet Baker cantar “Deep in a Dream” mesmo que fosse só para mim e já recuperado olhei para a mesa onde estava o espagueti, o molho de tomate e as intenções de uma massa à bolonhesa. Sem me exitar com a decepção, tomei coragem peguei as panelas e fui para o fogão preparar uma bela macarronada e depois de pronta, pude ver que não era bem de sexo que eu precisava, mas de prazer. Um prazer diferente, mesmo que fosse solitário e depois de comer bastante me senti maravilhosamente bem para dormir e esperar o hoje para que eu possa ter a sorte de passar por uma nova situação que não tem hora e nem dia certo para acontecer.

7 comentários:

Tati Cavazim disse...

Gostei de sua forma de narrar..Obrigado pelo prazer da macarronada...

LUIZINHO BRITO disse...

Obrigado você Cucla pelo prazer de tê-la como leitora deste blog.

Um brasileiro disse...

ola. tudo blz? estive por aqui. muito legal. apareça por la. abraços.

https://www.mexendocomlivros.blogspot.com disse...

Luizinho, gostei desta narrativa universal, pois só em macarronada terminam as tuas noites como as de muitos... Abraço.

Unknown disse...

OI, essa foto embaralham meus olhos, legal o blog.
http://nossasviagenspelobrasil.blogspot.com/

Robson Cerqueira disse...

meu isso é maravilhoso... um vinho solitário... é melhor que a dois...

Unknown disse...

gostei muito