sábado, 5 de maio de 2018

E pensar que meus planos iniciais eram de ir para fora do Brasil.


 Desde quando me mudei de São Paulo para São Vicente, isso faz pouco mais de seis meses, tenho vivido tempos de incertezas, inseguranças e perdas sucessivas. Bem normal quando se trata de mudanças.
 E pensar que meus planos iniciais eram de ir para fora do Brasil.
Já havia me planejado até com a data, mas numa surpresa inesperada da vida, num súbito retornei para a casa dos meus pais, numa cidade pequena do litoral paulista. Saí da frenesi paulistana, da correria, do estresse cotidiano de uma vida agitada e das poluições e me instalei a beira mar, onde todas as noites durmo embalado ao barulho das ondas, sentindo o cheiro da brisa que entra pela janela aberta, a mesma que me permite olhar o céu estrelado e a lua. Fico admirando suas quatro fases quando as noites estão claras.  
 Nas manhãs, a primeira coisa que faço é olhar o mar, é impulsivo.Talvez para me certificar de que ele ainda está lá e se sua monotonia continua a mesma, se nenhum tsunami tomou a cidade durante a madrugada ou as tão comuns ressacas não invadiram a pista e destruiu pelo menos parte do concreto que lhe cerca e lhe limita.
 Quiçá no meu inconsciente eu até queira que esse fenômeno realmente aconteça, para ver um espetáculo da natureza se rebelando contra a agressão humana que tanto a destrói. No entanto, essa minha nova e privilegiada vida, onde desfruto de uma qualidade bem diferente da paulistana, contrasta com uma solidão e um vazio que ainda não consegui superar. Sem os amigos de antes, sem a popularidade que me elevava a auto estima, me sinto um peixe fora d agua, vendo como a vivência em outra terra é difícil. 
 Os motivos da minha mudança relatarei posteriormente, o que quero compartilhar aqui são as sensações de estranheza que sinto, num lugar que até então me parecia tão familiar.
 As pessoas sisudas, individualizadas em si mesmas, sem interesse pelas outras, indiferentes até mesmo à própria natureza que lhes cercam. Isso tem me incomodado muito porque eu amo estar com pessoas, conversando, fazendo piadas, falando sobre tudo, bebendo, dentre outras coisas. 
 Mesmo meus pais são estranhos para mim, tenho percebido detalhes que eu não tinha percebido nem durante a minha infância. Coisas de quem viveu muito tempo fora de casa.   Mas sei que tudo vai melhorar logo e eu voltarei a viver minha liberdade novamente, porque o motivo da minha mudança é nobre e eu precisava disso, sair da zona de conforto. Agora é importante eu perceber como mudar é difícil. E eu que tinha planos de ir para fora do Brasil.

Nenhum comentário: