sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A MORTE DE CADA MINUTO

Dias desses eu estava pensando numa frase que hoje voltei a lembrar. A escritora Clarisse Lispector certa vez disse numa entrevista o seguinte, "Eu morro. Toda vez que não escrevo, eu morro. E hoje estou morta!". Eu nunca mais esqueci essa cena e essas frases.
Comecei a perceber, diante das palavras proferidas pela escritora, que eu morro a cada dia por deixar de fazer o que quero, de atender as minhas vontades, minhas luxúrias, saberes, minhas honrarias dignas e até as minhas vaidades. Como eu morro quando não sou capaz de me identificar com aqueles que se assemelham tanto a mim. É, essas são frases que nem sempre fazem tanto sentido como deveriam, mas nos joga na fogueira do pensamento ou dos pensamentos em busca de diáfanas explicações mundanas.
Mas para os que bem sabem da morte e não se deixam levar pelo seu sentido de perda, o nascer é que acaba se tornando o grande mistério.
Uma fonte de onde se brota a cada momento uma nova vida e é de vida que vivemos e talvez eu conclua, diante desse pensamento nem tão organizado como se pretendia, que se eu morro a cada instante em que não consigo me realizar é porque a cada instante existe um nascer cheio de vida querendo me tomar e que pela perfeição universal eu sou limitado, ou seja, pouco espaço para muito mundo. Então, para que um novo mundo me entre, com seus mistérios e saberes, devo me admitir a morrer. Sempre!

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