
Tem horas em que eu gostaria de viver no meio do mato. Bem longe das pessoas. Podia ser num casebre a alguns quilômetros da BR-319, entre o Acre e o Amazonas. E não me importaria muito se não tivesse as facilidades da vida urbana, desde que eu ficasse cercado dos meus livros, das minhas ideias e da minha solidão.
As pessoas são muito difíceis de serem compreendidas, inclusive eu que vivo cheio de crises existênciais e emocionais e as vezes tenho a estranha sensação de que ultrapasso os limites da minha pessoalidade e começo a infrigir na vida dos outros com minhas encanações.
Não gosto quando isso acontece, como agora. Para esses momentos tenho a solidão como amiga e companheira e ela sim é fiel, esteja eu bem ou mal sempre conto com a sua presença. Muito embora nos últimos dias tive a péssima ideia de querer dividir meus anseios com outra pessoa, que tanto quanto eu, não se define a que veio e também pouco se importa com as crises alheias, a não ser quando elas lhe convém.
Estou perdido e sem rumo, vejo caminhos opostos e uma impotência para uma decisão bem tomada. Daqui a pouco amanhece e minha fuga será o sono matutino ou então na falta desse, uma padaria, um jornal de consolo ou um simples caminhar.
Sinto uma dor forte no abdômen, que vem se intensificando ao longo dos dias e que me obrigará a procurar um médico, coisas que faço em momentos extremos. Por conta dela é que esse texto se faz ao amanhecer de um domingo perdido, aliás, mas um dia perdido nas divagações e ondulações do pensamento entre o real e o imaginário.
Me faria bem viver no meio do mato, mesmo que fosse por horas. Saber que não preciso entender ninguém e muito menos cobrar entendimento de alguém.